Coração em alto-mar

Vem do mar do sul da Bahia uma interessante descoberta. Observando a região por imagens de satélite, o biólogo marinho Gustavo Duarte, coordenador do Projeto Coral Vivo, reparou um conjunto de corais com a forma de um coração.

A formação recifal está localizada no Parque Municipal Marinho da Coroa Alta, em Santa Cruz Cabrália. Segundo Duarte, o coração não é perceptível quando se está próximo ao coral. “Ele é muito grande, possui 400 metros de diâmetro”, explica. Portanto, só conseguimos visualizá-lo com imagens aéreas e de satélite”, completa. “É uma formação natural e bem curiosa, não muito comum. Possui paredes retas, que parecem terem sido esculpidas por alguém.”

Ainda segundo o pesquisador, a região possui enorme potencial para o turismo. “Além do coral em forma de coração, essa área apresenta muitas ondas, ideais para surfistas”, comenta.

Por enquanto, a região não está aberta para visitantes. Por se tratar de uma unidade de conservação, para que fosse aberta ao turismo seria necessário fazer um plano de manejo e submetê-lo aos órgãos ambientais responsáveis.

DLocal da descoberta
Mapa detalha ponto onde o coração pode ser encontrado. (foto: Divulgação/ Projeto Coral Vivo)

A descoberta da formação recifal em forma de coração se deu durante um mapeamento que o Projeto Coral Vivo faz para propiciar maiores conhecimentos geológicos dos corais da região. Nesse processo, além do sensoriamento remoto por satélite, os pesquisadores vão até os recifes, onde realizam mergulhos e utilizam um sonar para melhor definir o relevo dos corais.

 “O sonar capta informações como relevo e formato e possibilita, utilizando um software, que as mesmas sejam transmitidas para o computador, construindo um modelo 3D”, explica Duarte.

Até o momento, os estudiosos mapearam pouco mais de um terço dos recifes da chamada Costa do Descobrimento, no extremo sul da Bahia. A partir deste ano, os pesquisadores devem iniciar também um mapeamento biológico para conseguir detalhes das formas de vida que habitam esses corais.

 

Lucas Lucariny
Ciência Hoje On-line