Genética brasileira perde Oswaldo Frota-Pessoa

Recebemos com tristeza na redação a notícia da morte do geneticista Oswaldo Frota-Pessoa, que soubemos por um texto publicado há pouco no portal G1. A reportagem não informa a causa da morte. Segundo a Folha Online, o enterro do pesquisador será amanhã, 24 de março, às 9h, no Cemitério da Paz, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

Nascido no Rio de Janeiro em 1917, Frota-Pessoa foi, junto com Crodowaldo Pavan e outros nomes, um dos geneticistas da geração pioneira de pesquisadores formados pelo russo naturalizado americano Theodosius Dobzhansky na Universidade de São Paulo (USP). Teve ainda uma atuação destacada como professor de biologia e como teórico do ensino de ciências, além de uma extensa produção no campo da divulgação científica – pelo conjunto de sua obra de popularização da biologia, ele recebeu o Prêmio Kalinga Internacional de Divulgação Científica, o mais importante do mundo na área.

Leia abaixo a introdução do perfil que a jornalista Vera Rita da Costa fez de Frota-Pessoa, publicado na CH 207 (agosto de 2004) ou baixe em PDF a íntegra da entrevista que o geneticista deu à nossa repórter.

Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line

 

Mestre de mestres

Médico, doutor, geneticista, divulgador da ciência. Vários são os predicados reunidos ao longo de 87 anos de existência. Mas talvez um dos atributos que melhor definam Oswaldo Frota-Pessoa seja o de mestre. Mestre de mestres. Ele dedicou sua vida a educar – e a palavra deve ser lida em toda sua extensão – jovens biólogos, que acabaram disseminando a pesquisa em genética humana pelo Brasil. Também buscou reformular o ensino de ciências no país, através de seus livros científicos e didáticos, propondo a experimentação como elemento fundamental da aprendizagem.

Nascido no Rio de Janeiro, Frota-Pessoa fincou raízes em São Paulo, em 1958, quando foi integrar o nascente grupo de geneticistas que se aglutinavam em torno de André Dreyfus, Theodosius Dobzhansky e Crodowaldo Pavan. Formado em Medicina e História Natural na então Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, ele se transferiu para a Universidade de São Paulo, onde começou a trabalhar com sistemática de moscas drosófilas. Logo passou a se dedicar à pesquisa em genética humana e médica, área em que se destacou como consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e como presidente da Sociedade Brasileira de Genética e da Associação Latino-americana de Genética.

Ao lado da pesquisa, Frota-Pessoa sempre se preocupou com o ensino de ciências, em particular o da biologia. Seu primeiro livro, Biologia na escola secundária, lançado na década de 1960, tornou-se um clássico, servindo de modelo para várias gerações de professores. Ampliada e reeditada recentemente com o nome Os caminhos da vida (São Paulo, Scipione, 2001), a obra ainda encontra sintonia – mais de 40 anos depois de sua publicação original – com as propostas de ensino atuais. Afinal, elas nada mais fazem do que tentar retomar a ‘regra de ouro’ que Frota-Pessoa aplica há mais de 60 anos: “fazer para aprender”. Ou, em outras palavras, “sujar as mãos de graxa, como um aprendiz de mecânico”.

Seu primeiro livro, Biologia na escola secundária, serviu de modelo para várias gerações de professores

Procurando contribuir com a melhoria do ensino de ciências no país, Frota-Pessoa publicou ainda outros 34 livros didáticos e 17 guias de ensino para professores, além de traduzir outros 13 livros. Ao seu esforço por promover a pesquisa em genética e o ensino no país deve-se somar ainda uma terceira vertente em que muito se destacou: a divulgação científica.

Desde seu primeiro texto de divulgação, publicado em 1937, mais de 700 já foram editados no ramo. Somando os cerca de 150 artigos científicos e mais de 50 sobre ensino, tem-se a dimensão da atividade frenética de Frota-Pessoa como escritor. Em reconhecimento ao seu incessante esforço de popularizar a ciência, Frota-Pessoa recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica (CNPq, 1980/81); o Prêmio Kalinga Internacional de Divulgação Científica (Unesco, 1982) e o Prêmio Alfred Jurzikowski (Academia Nacional de Medicina, 1989).

Professor emérito da Universidade de São Paulo, o incansável mestre recebeu por várias vezes em sua casa – auxiliado pela hospitalidade de sua esposa Elisabeth Farrelly Pessoa – a repórter de Ciência Hoje para contar alguns dos preciosos detalhes de sua vida. Frota-Pessoa tem quatro filhos, oito netos e sete bisnetos. 

Você leu apenas o início do perfil publicado na CH 207. Clique no ícone a seguir para baixar a versão integral.

PDF aberto (gif)

Vera Rita da Costa
Ciência Hoje/SP