Guardiões das florestas

Durante a Cúpula do Clima da ONU, realizada na semana passada em Nova Iorque (EUA), muito se falou sobre o papel dos indígenas e das comunidades tradicionais na proteção das matas. Esses grupos estavam lá pedindo por mais voz nas discussões climáticas e fazendo pressão para serem reconhecidos como guardiões das florestas. Mas o que vem sendo feito na prática por eles?

A pergunta é respondida na série de minidocumentários ‘If not us, then who?’ (Se não nós, então quem?, em tradução livre), lançada durante o encontro do clima pela produtora Handcrafted Films. Disponíveis na internet, os vídeos trazem histórias de comunidades que lutam pela defesa de suas terras e pela sobrevivência sustentável nas florestas ao redor do mundo, em países como Brasil, Peru, Nicarágua, Filipinas e Indonésia.

Estão representadas nos filmes as brasileiras quebradeiras de babaçu do Vale do Parnaíba, na região do Tocantins e Araguaia. O grupo de mulheres conseguiu aprovar a Lei do Babaçu Livre em 17 municípios no norte do país, garantindo aos coletores de babaçu o direito da extração dos coquinhos mesmo em terras que não são sua propriedade.

Os vídeos trazem histórias de comunidades que lutam pela defesa de suas terras e pela sobrevivência sustentável nas florestas ao redor do mundo, em países como Brasil, Peru, Nicarágua, Filipinas e Indonésia

O documentário mostra os conflitos entre quebradeiras e fazendeiros do entorno e as formas de mobilização criadas por elas para defender seu estilo de vida tradicional, baseado na coleta do babaçu e na preservação da vegetação.

“As quebradeiras são mulheres incríveis, que falam o que vem à cabeça, são muito apaixonadas pelo que fazem e têm consciência de que ao mesmo tempo em que conseguem seu sustento da coleta de coco, estão conservando a floresta”, conta o diretor da série, Paul Redman, que passou um ano viajando em busca de histórias como essa.

A série conta ainda com um filme sobre o mapeamento das terras indígenas tradicionais nas florestas da Indonésia, uma iniciativa dos próprios habitantes, que usam drones para esse fim. Outros vídeos mostram a patrulha dos indígenas Awas Tingi, da Nicarágua, para proteger suas terras e a união dos moradores da cidade de Tacloban, nas Filipinas, para reconstruir sua comunidade depois do supertufão Haiyan, que devastou parte do país em novembro de 2013.

Por enquanto, foram divulgados quatro filmes e mais quatro serão lançados nas próximas conferências das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COPs), no Peru em dezembro deste ano e em Paris em 2015. Na próxima leva, estarão mais documentários sobre o Brasil, trazendo a história dos índios do Xingu que reflorestam as margens dos rios e de comunidades quilombolas da cidade de São Paulo e de Porto Trombetas, no Pará.

Sofia Moutinho
Ciência Hoje On-line

*A repórter viajou a Nova Iorque a convite da Burness Communications.