O cérebro do museu

Já pensou em ir ao museu e, em vez de observar vestígios do passado, dar uma olhada no futuro? A ideia, que está prestes a se tornar realidade no Museu do Amanhã, um dos principais projetos da prefeitura do Rio de janeiro (RJ) para a revitalização da cidade, vai exigir uma atualização constante do conteúdo das exposições, mirando sempre o que está por vir.

Oliveira: “Com o novo sistema, o museu receberá relatórios, dados e estudos de mais de 80 universidades do Brasil e do exterior”

Para isso, o museu contará com um sistema digital que promete levar a visitação a um nível de interatividade bastante elevado. É o sistema Cérebro, um poderoso e inovador mecanismo de gerenciamento de dados, desenvolvido pela empresa brasileira Radix.

“Com o novo sistema, o museu receberá relatórios, dados e estudos de mais de 80 universidades do Brasil e do exterior”, antecipa o cosmólogo Luiz Alberto Oliveira, curador da instituição. Serão centenas de vídeos, áudios, gráficos e até longos relatórios analíticos que deverão atualizar o acervo do museu constantemente.

A experiência

Ao chegar, o visitante receberá uma identificação digital que armazenará informações baseadas em seus dados cadastrais. Essa identificação poderá ser reconhecida pelos leitores digitais que integram a exposição – permitindo ao visitante, por exemplo, acessar o conteúdo em seu próprio idioma.

Além disso, os objetos expostos terão códigos QR, que poderão ser acessados por telefones celulares e tablets, permitindo ao visitante aprofundar sua experiência e mesmo compartilhar o conteúdo da exposição via internet.

Caso o visitante retorne ao museu, novos conteúdos e tópicos mais aprofundados serão sugeridos durante as interações – de acordo com as preferências observadas em visitas anteriores. A experiência nunca será igual.

Museu do Amanhã
As exposições propõem uma nova relação entre o físico e o virtual, e uma nova abordagem na relação entre o museu e o visitante. (foto: divulgação)

Segundo o engenheiro químico Paulo Armando Rego, um dos responsáveis pelo sistema, o Cérebro será como uma ponte entre a exposição e o visitante. “Ele identificará quem está interagindo com qual experiência e, com base nessas informações, serão sugeridos novos conteúdos relacionados”, explica. “O sistema foi desenvolvido para que os espaços e as experiências do museu não ficassem isolados e estáticos em termos de conteúdo e comportamento.”

“A ideia é ter o Cérebro como uma espécie de organismo; é como se ele desenvolvesse um metabolismo próprio ao longo do tempo, construindo um acervo de acordo com o imaginário dos visitantes”, detalha o curador do museu.

O futuro

Será possível interagir de maneira inovadora com uma série de ambientes audiovisuais. A interação permitirá ao público examinar o passado; manipular as tendências do presente; e imaginar futuros possíveis para os próximos 50 anos. Conceitualmente, as experiências vão apresentar aos visitantes o ‘sempre’, o ‘ontem’, o ‘hoje’ e o ‘amanhã’.

O visitante poderá fazer uma simulação climática e analisar como as atividades humanas impactarão os ecossistemas nas próximas décadas

Diversos temas serão explorados: clima, energia, oceanos, biodiversidade, viagens espaciais. Um exemplo: o visitante poderá fazer uma simulação climática e analisar como as atividades humanas impactarão os ecossistemas nas próximas décadas. Tudo isso na forma de um jogo interativo.

As exposições não serão baseadas em ‘objetos’, mas sim em ‘experiências’. Serão aproximadamente 80 itens, divididos em telas, mesas interativas, painéis virtuais de led, totens e diversos esquemas digitais.

A inauguração oficial do Museu do Amanhã está prevista para 1º de março de 2015, quando o Rio de Janeiro irá comemorar 450 anos.

Gabriel Toscano
Ciência Hoje On-line