De vilãs a aliadas: o uso terapêutico de toxinas bacterianas

Há pouco mais de um século, a pesquisa médica apresentou as toxinas ao mundo como vilãs, por serem responsáveis por males que assolam humanos e animais. Mas essas moléculas, fabricadas por bactérias, ganharam um segundo olhar, quando se percebeu que poderiam ser aliadas da medicina no tratamento das doenças que elas próprias causavam.
Nas últimas décadas, as toxinas associaram-se a moléculas do sistema imune, formando um binômio que age como um míssil teleguiado, localizando e destruindo alvos específicos do organismo.
Hoje, o emprego de toxinas vai do tratamento de rugas a paralisias graves em quadros de saúde complexos. E a pesquisa nessa área já esboça drogas à base dessas moléculas para tratar simultaneamente várias doenças.

A secreção de proteínas por bactérias é um mecanismo bem elaborado que possibilita que ocorram processos essenciais para esses microrganismos, como a modulação ativa do ambiente, o processamento enzimático de nutrientes e a comunicação.

Mas as bactérias também secretam as chamadas toxinas, grupo de proteínas que, ao longo da evolução, especializou-se em causar danos (doenças, por exemplo) a outros seres vivos.

Os avanços científicos das últimas décadas não só facilitaram o processamento e a manipulação das toxinas, mas também permitiram a criação de novas técnicas de terapia baseadas no uso dessas substâncias. Dessa forma, as toxinas liberadas por certas bactérias patogênicas – por exemplo, Clostridium botulinum (botulismo) e C. tetani (tétano) – podem ser transformadas em agentes terapêuticos para prevenir e tratar não só as doenças que elas causam, mas também outros quadros.

Eliane de Oliveira Ferreira

Instituto de Microbiologia Paulo de Góes,
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Bruno de Araújo Penna

Instituto Biomédico,
Universidade Federal Fluminense

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