Expressão matemática em Braille.
Entretanto, à medida que a complexidade aumenta e os elementos matemáticos não ficam todos em uma mesma linha (como frações, potências, raízes), é necessário introduzir componentes inexistentes na fórmula original transcrita. Somente assim, é possível manter os símbolos Braille lado a lado – algo essencial para leitura fluente com os dedos. A expressão, por exemplo, será transcrita em Braille em algo como (x+y)/(z+1), usando pontinhos, naturalmente.
Durante mais de cem anos, essa foi a única alternativa. E apenas nas escolas especializadas, dedicadas exclusivamente ao ensino fundamental, com professores habilitados para utilizar escrita matemática Braille. Mas isso não acontecia nas instituições de ensino regulares.
Novas perspectivas
Com a popularização do computador, tecnologias foram desenvolvidas nos Estados Unidos, mas não puderam ser adotadas no Brasil. Por aqui, em 1993, o softwareDosvox– desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)– ampliou o uso do computador para cegos, para leitura e escrita, mas pouco oferecia quando o assunto era matemática.
Em 2017, a Lei Brasileira de Inclusão levou milhares de cegos às universidades. A minoria que ingressou em cursos de exatas e tecnológicas enfrentou imensas dificuldades. Era urgente desenvolver soluções. Simplificando, havia dois problemas para o aluno cego:
1. Escrever matemática no computador, com ferramentas simples, usando uma escrita linear (algo semelhante ao que os programadores fazem quando criam programas convencionais em um editor de textos de linhas de comando).
2. Ler um texto matemático escrito por ele próprio ou por outras pessoas, traduzindo o texto criado para uma fala que o representasse de forma clara.
As alternativas mais óbvias eram os formatos LaTeX, usado por 90% dos matemáticos para gerar textos científicos, ou o MathML, usado pelos navegadores da web para mostrar textos matemáticos. Infelizmente, ambos são complicados de escrever e sua leitura usando síntese de voz, quase ininteligível. Uma terceira alternativa foi escolhida: o formato AsciiMath, uma forma fácil de escrever matemática para a qual a renderização (geração do gráfico em papel) era compatível com todos os navegadores da atualidade.