“Foi um escravo bagajeiro que foi de barco para lá/Trouxe palavras novas, kianda virou iemanjá/Calulo virou moqueca, funje virou vatapá”. A primeira estrofe de ‘É Luanda’, letra composta pelo músico angolano André Mingas, cabe muito bem como liga para a receita apresentada neste artigo. Para além da transnacionalidade melódica e rítmica da música em si, a letra nos fala sobre como o trânsito e a circulação de produtos, pessoas e saberes alimentam as culturas, nos proporcionando novas palavras e tantos outros sabores.E é interessante se pensar como e quais elementos proporcionaram essas novas harmonizações. Quantas histórias e culturas temperam as nossas comidas? Porque nenhum prato ou iguaria é um bem natural. Há sempre uma construção social por trás de todos esses elementos e há, ao longo desse processo, uma dinâmica construção cultural que lhe atribui sentidos, significados.
Mas, ainda que essas construções culturais sejam fruto de deliciosas combinações, o perigo em sermos tragados por uma ideia de amálgama cultural imune às relações díspares de poder deve ser afastado, sobretudo na medida em que, daqui em diante,serão levados ao fogo elementos de um território ainda sob jugo colonial. Independente em finais de 1975, Angola foi colônia portuguesa por mais de 400 anos e teve como marca indelével de sua história o tráfico de escravizados, acontecimento que inegavelmente se conecta com a própria história do mundo atlântico – como bem cantado por Mingas. É importante frisar um princípio fundamental: do início ao fim, tanto objetiva quanto subjetivamente, o processo de colonização foi violento.
Karina Helena Ramos
Grupo de Pesquisa Áfricas,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio de Janeiro
Grupo de Estudos de História da África (GEHA),
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Para acessar este ou outros conteúdos exclusivos por favor faça Login ou Assine a Ciência Hoje.
Doença causada pelo parasita Toxoplasma gondii atinge milhões de brasileiros, com consequências graves para a saúde pública. Pesquisadores estão propondo alternativas de tratamento para acelerar o processo de descoberta de novos medicamentos e assim beneficiar os pacientes.
A exploração do espaço voltou a ganhar momento, com a entrada em cena não só de novas agências espaciais, mas também de empresas que exploram comercialmente essa atividade. A tensão ideológica que marcou esse campo foi substituída pela cooperação
O mercado de sementes modificadas e dependentes de pesticidas tóxicos à saúde e ao ambiente está cada vez mais concentrado em algumas poucas megaempresas. É essencial visibilizar as formas de produção por trás do que comemos para alcançar alternativas saudáveis e justas
Há 50 anos, o lançamento do satélite Landsat-1 transformou nosso olhar sobre a superfície terrestre. Hoje, as técnicas de machine learning e deep learning promovem uma nova revolução, desta vez na “visão” dos computadores e no sensoriamento remoto do planeta
As atividades de mineração da empresa Braskem em Maceió (AL) causaram o afundamento do solo, o que fez com que cerca de 60 mil pessoas tivessem que deixar suas casas. Essa população de deslocados internos ambientais ainda espera por compensações
Gases nobres são ditos inertes por não reagirem com outros elementos. Porém, depois de mais de um século de pesquisa, a química avançou na compreensão das condições com que esses elementos formam compostos. Hoje, vários derivados deles são conhecidos na Terra e no espaço.
Em um mundo que pede por soluções sustentáveis, a microbiologia tem papel importante: o uso de microrganismos para a fabricação de bioprodutos ‘verdes’. Planta-piloto em uma universidade brasileira promete impulsionar de forma pioneira a área no país
A análise de cartas, aerogramas e cartões-postais enviados e recebidos por cientistas perseguidos pela ditadura militar (1964-1985) no Brasil revela uma faceta íntima, informal e reflexiva de como muitos deles enfrentaram a interrupção de suas vidas, a cassação e o exílio
Você já deve ter visto uma abelha carregando pólen ou um beija-flor sugando néctar de uma flor. Mas grande parte dessas interações no reino vegetal é invisível: elas se dão por meio de associações com bactérias e fungos do solo.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |