O lugar do Brasil no cenário científico mundial

O Brasil tem ocupado um espaço cada vez mais importante na esfera científica mundial. Nas duas últimas décadas, o país subiu da 27ª para a 18ª posição no ranking global de ciência e tecnologia (C&T). Em 1981, 1887 artigos foram publicados em periódicos indexados, o que corresponde a 0,44% da produção mundial; em 2001, esse número subiu para 10.555 artigos, ou 1,44% do total mundial.

null O número de artigos das áreas médicas e biomédicas tem aumentado e representa 40% da produção mundial e 36% da brasileira. De 1997 a 2001, os pesquisadores brasileiros publicaram 7635 artigos de medicina e 8633 de biomédicas em periódicos indexados. Esses dados são apresentados em um artigo de Jorge Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), publicado na edição de abril a junho da revista Ciência & saúde coletiva .

No estudo, Guimarães comparou a pesquisa básica, a aplicação de conhecimento e a formação de pesquisadores no Brasil e em outros países que investem em ciência e tecnologia. Foi encontrada uma elevada interdependência entre o produto interno bruto (PIB) e o desempenho científico e tecnológico em países desenvolvidos como Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Canadá, Itália, Rússia ou Espanha. Mas essa correlação não é encontrada em países em desenvolvimento com PIB expressivo, como México, Índia e Brasil.

“No Brasil, o complexo educacional universitário e o sistema de C&T foram estruturados tardiamente e ainda estão em processo de consolidação”, afirma o artigo. Os indicadores internacionais (total e percentual de artigos citados, total e impacto das citações) mostram que, nas quatro últimas décadas, houve considerável avanço nesse segmento no Brasil. Esse crescimento só foi menor do que o da Coréia do Sul, China, Espanha e Turquia.

A educação tem se destacado como suporte ao desempenho científico de países emergentes como a China, Coréia do Sul e Taiwan. “A proposição de patentes é cada vez mais fundamentada com conhecimentos científicos básicos gerados no próprio país”, observa o estudo.

No caso da pesquisa médica, o desempenho qualitativo situa o Brasil na frente de China, Índia, Coréia do Sul, Rússia e Turquia. Entre 1981 e 1985 o índice de artigos citados era 37,5%. Já de 1997 a 2001 ele subiu para 52,8%. A medicina é também a área com a maior quantidade de grupo de pesquisa no Brasil: 925.

Segundo o estudo, ciência, tecnologia e educação qualificada são cada vez mais reconhecidas como componentes fundamentais para o desenvolvimento econômico, tecnológico e industrial das nações. Apesar da expansão recente do setor de C&T, Guimarães considera ainda insuficiente a produção científica brasileira.

“No Brasil, o desempenho obtido, a capacidade instalada de pesquisa e capacitação de novos pesquisadores se situam ainda muito aquém dos índices necessários para o enfrentamento dos gigantescos desafios sociais e econômicos que o país apresenta nesta e em outras áreas”, conclui. 

Leia na internet o artigo de Jorge Guimarães

Eliana Pegorim
Ciência Hoje On-line
13/10/04