A chuva voltou ao Nordeste brasileiro com mais intensidade nos últimos dois anos, mas o interior do sertão ainda sofre os reflexos de um longo período de seca. Diversos reservatórios ainda não recuperaram sua capacidade de armazenamento, e são enormes os prejuízos para toda a sociedade: milhares de municípios sofrem com o êxodo rural, provocando atraso no desenvolvimento. Afinal, o que está acontecendo com o equilíbrio climático do Nordeste? Seria o efeito das mudanças climáticas, com reflexos sobre a disponibilidade de água para a população?
Diversos estudos climáticos e ambientais têm examinado os acontecimentos na região. Um deles, desenvolvido por nosso grupo, avalia a influência das anomalias climáticas (ocorrências que representam desvios acentuados no padrão de uma série histórica climatológica, como o fenômeno El Niño) sobre o volume de água acumulada em grandes reservatórios do Nordeste, especificamente nos estados do Piauí, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia. Os resultados apontam que diversos reservatórios recebem fortes influências dos eventos climáticos extremos, mas também são intensos os efeitos dos outros mecanismos atmosféricos.
Alexandre Kemenes
Embrapa Meio-Norte
Luanny Gabriele Cunha Ferreira
Universidade Federal do Pará