Instituto de Geociências - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Lajeado, no Vale do Taquari (RS), uma das regiões mais atingidas pelas enchentes de 2023
FOTOS: MAURICIO TONETTO
Os eventos El Niño (La Niña, cujas características serão sempre apresentadas entre parênteses neste texto) são caracterizados pela elevação (redução) da temperatura da superfície do Oceano Pacífico Equatorial associada ao enfraquecimento (fortalecimento) dos ventos alísios, que ocorrem irregularmente em intervalos de aproximadamente 2 a 7 anos naquela área. Essas condições ocasionam algumas alterações na circulação atmosférica e oceânica, afetando o clima global, os ecossistemas marinhos e terrestres, as atividades humanas, entre outros.
A alternância dessas fases quentes e frias fazem parte da variabilidade climática do planeta e são referidas como El Niño-Oscilação Sul (ENOS). Tal oscilação representa a mais expressiva flutuação interanual do sistema climático global. No entanto, na escala de décadas, devido ao aumento do CO2 e de outros gases que retêm calor na atmosfera, tendências observadas já exibem uma acentuada elevação na temperatura média global, e projeções futuras apontam para uma continuidade desse padrão no decorrer do século 21, caso as emissões não sejam reduzidas. Com o aquecimento global, espera-se que as temperaturas da superfície do oceano aumentem mais rapidamente na região equatorial do planeta. Assim, diversos estudos indicam que o aquecimento global elevará a frequência e a intensidade de fenômenos El Niño. Entretanto, a variabilidade dos modos de ENOS é fortemente não-linear, e algumas pesquisas mostram que as mudanças climáticas podem ser decorrentes também de intensos fenômenos La Niña. Dessa maneira, as consequências do ENOS sobre o Brasil, por exemplo, poderiam ser intensificadas. Durante episódios de El Niño (La Niña), geralmente os acumulados pluviométricos se estabelecem abaixo (acima) da média histórica nas regiões Norte e Nordeste, e acima (abaixo) da média histórica na região Sul do país.