Os mandamentos éticos da genética

Diferentemente de outros exames médicos, a realização de testes genéticos requer um cuidado especial e exige o cumprimento de medidas que ajudem a preservar a identidade e a saúde da pessoa envolvida e de toda sua família

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O tema desta coluna pode parecer mais médico do que puramente científico, mas está se tornando relevante para todos. Os testes genéticos estão em toda parte: na literatura médica, em artigos na imprensa leiga, em novelas, em filmes. Além de frequentes, exercem um verdadeiro fascínio.

Isso pode estar ligado à ideia de que não há nada a ser feito sobre a nossa constituição genética. Afinal, não escolhemos as famílias em que nascemos. Mas é incrível a quantidade de lendas e crenças errôneas sobre hereditariedade que prevalecem em nossa sociedade. Por isso, considero importante discutir alguns aspectos éticos dos testes genéticos.

Os testes genéticos são diferentes de outros exames médicos? Sim, porque a informação genética está diretamente relacionada com a identidade de uma pessoa e pode afetar a sua família como um todo. Assim, os resultados de testes genéticos podem servir de base para a tomada de decisões que vão alterar toda a vida de uma pessoa. Dessa forma, eles devem ser tratados com cuidado especial e estar sujeitos a um processo rigoroso de consentimento.

O primeiro mandamento ético é só utilizar testes genéticos que preencham todas as qualidades necessárias para a perfeita confiabilidade dos resultados. Ou seja, os testes devem ter validade analítica (capacidade de medir aquilo que se propõem a medir), validade clínica (ter suficiente sensibilidade e especificidade: estarem associados à presença, à ausência ou ao risco de uma doença específica) e utilidade clínica (fornecer informação sobre o diagnóstico, tratamento ou prevenção de uma doença que o torne útil para um consumidor).