Novo tecido: quase nu

Para os que já passaram por um verão tropical – a cidade do Rio de Janeiro é uma experiência única nesse sentido –, a notícia é mais do que bem-vinda: um tecido é capaz de manter a temperatura de seu corpo mais baixa, como se o usuário nada estivesse vestindo.

O novo material faz a temperatura corporal aumentar apenas 0,7 grau celsius, segundo Po-­Chun Hsu, da Universidade Stanford (EUA), membro da equipe que desenvolveu o tecido. É quase como estar com a pele descoberta. Uma malha de algodão fina, segundo ele, pode fazer a temperatura da pele aumentar cerca de 3,4 graus celsius. Mesmo os tecidos ‘refrigeradores’ hoje no mercado, ressalta Hsu, chegam a elevar a temperatura em 2,8 graus celsius.

O novo material faz a temperatura corporal aumentar apenas 0,7 grau celsius

A composição e a porosidade do material fazem com que ele seja muito permeável tanto ao vapor de água quanto ao calor (infravermelho) que a pele emite – neste último caso, sua textura de nanoporos permite que 96% do calor o atravessem. A sensação, segundo os autores, é a de estar nu. O plástico usado na confecção do tecido é semelhante ao usado nos ‘filmitos’ para recobrir os alimentos.

À base de polietileno, o novo material – que reúne doses de nanotecnologia, fotônica e química – não vai sair direto das bancadas do laboratório para a indústria têxtil. Há inconvenientes nele que fariam um estilista suar de pavor: i) o tecido, por enquanto, só pode ser na cor bege, pois qualquer corante o faria provavelmente perder a capacidade de ‘transpirar’ vapor e calor; ii) como plástico, ele não tem muita flexibilidade, e, no corpo, dá aquela sensação de que você está usando algo de… plástico.

Detalhes do novo tecido estão publicados em Science. E a dica para esta nota veio do músico norte­americano Ian Murphy, da cidade de Nova York (EUA), sempre ligado em novidades tecnológicas.

Segundo especialistas, o uso em larga escala desse tipo de material permitiria baixar o ar­condicionado em alguns graus e, assim, economizar quantidade significativa de energia. Ou seja, refrigerar a pessoa e não o ambiente.

Cássio Leite Vieira
Ciência Hoje/ RJ