Ennio Candotti
Nascido em Roma, em 1942, Ennio veio para o Brasil com os pais em 1952. Formou-se em física pela Universidade de São Paulo em 1964, onde também estudou, durante três anos, filosofia. Em 1965, foi para a Europa; ali passou nove anos trabalhando e fazendo especialização em física e matemática; participou de atividades e estudos de história da ciência, de política científica e de revista de divulgação científica.
Em 1974, a convite da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), voltou ao Brasil. Na universidade, coordenou por muitos anos o ciclo básico do curso de graduação e atuou principalmente nas áreas das simetrias e leis de conservação em física teórica.
O período no continente europeu estimulou o interesse do físico em divulgação científica, história e políticas de ciência e tecnologia, educação e meio ambiente. Em especial, voltou sua atenção para a situação da divulgação no Brasil, que considerava particularmente preocupante pela fragilidade do sistema educacional do país.
Foi Secretário Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no Rio de Janeiro, em 1977, e conselheiro a partir de 1981. Ocupou, ainda, o cargo de vice-presidente da entidade de 1985 a 1989 e sua presidência nos períodos de 1989 a 1993 e de 2003 a 2007.
Quando secretário regional, foi fundamental para a implementação de iniciativas como o projeto Ciência às Seis e Meia, que expandiu para outras regiões do Brasil em sua presidência. Foi também um dos fundadores da revista Ciência Hoje – da qual foi editor em seus primeiros tempos, ao lado de Darcy Fontoura (1930-2014), e membro do Conselho de Editores de 1982 a 1996.
Teve papel fundamental na criação da Ciência Hoje das Crianças, em 1986, e foi um dos maiores incentivadores da criação da revista Ciencia Hoy, na Argentina. Teve, ainda, papel ativo na criação do Informe, atual Jornal da Ciência, informativo sobre política científica que nasceu ligado à Ciência Hoje.
Em suas gestões na SBPC, participou das mobilizações que levaram à criação das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) em diversos estados brasileiros, hoje responsáveis pelo financiamento de boa parte dos estudos realizados no país. Também foi importante na realização da 1ª SBPC Jovem, durante a 45ª reunião anual da entidade, no Recife, e promoveu reuniões regionais dedicadas à educação, à implantação da pesquisa e à consolidação das FAPs em diferentes estados, além de encontros de cooperação científica no Mercosul.
Por sua atuação destacada como idealizador e incentivador de iniciativas de divulgação e popularização da ciência, tornou-se, em 1999, o terceiro brasileiro a receber o prêmio Kalinga de popularização da ciência, concedido pela Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco) desde 1952. Atualmente é professor da Universidade do Estado do Amazonas e diretor do Museu da Amazônia (Musa), em Manaus.