360º de astronomia

“Vamos virar estrelas?” Com esse convite, durante anos, o ‘robô-projetor’ Spacemaster da cúpula Galileu Galilei do Planetário do Rio de Janeiro chamou as crianças para um passeio ao espaço sideral por meio de simples projeções no teto. 

A seção de cúpula infantil era simpática, mas já estava ficando ultrapassada. Por isso, o espaço passou por uma grande reforma e vai receber uma nova tecnologia de projeção que proporciona à plateia a sensação de imersão no filme projetado. 

Em vez do velho Spacemaster, que tinha um sistema de projeção ótico, a cúpula agora tem seis projetores de cristal líquido no silício, que garantem uma imagem de alta resolução, com 10 milhões de pixels, em toda a superfície da abóbada. Assim, o espectador pode assistir aos filmes em 360º, como se estivesse dentro do ambiente ficcional.

As telas de projeção que cobriam a cúpula também foram substituídas por placas de ferro especialmente construídas para o novo sistema. A reforma, financiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT&I), custou 1,5 milhões de reais.

Projetores
O antigo projetor ‘Spacemaster’, à esquerda, foi substituído por projetores digitais de alta definição, à direita. (foto: Fundação Planetário)

“Não medimos esforços para transformar a cúpula Galileu Galilei em uma das mais modernas da América Latina”, disse o diretor do Planetário, Celso Cunha, durante a inauguração do novo sistema de projeção da cúpula Galilei Galilei na semana passada (30/8). “O planetário é uma das mais importantes portas de ciência, tecnologia e educação; temos orgulho de poder oferecer ao público um sistema de imersão de ponta.”

As primeiras sessões da cúpula, com capacidade para 90 pessoas, começam a partir do dia 7 de setembro. Por enquanto, a programação reúne cinco filmes infantis importados que usam a ficção para passar alguns conceitos ligados à astronomia.

O primeiro na lista de reprodução, A caminho da Terra, conta a história de duas raças rivais de extraterrestres que habitam a Lua e alimentam o desejo de viajar no espaço até a Terra. A corrida espacial disputada pelos dois povos serve de pano de fundo para ensinar princípios básicos de funcionamento dos foguetes, como as forças de impulso e gravidade.

A caminho da Terra
O filme ‘A caminho da Terra’ será o primeiro da programação depois da reforma da cúpula. (foto: Sofia Moutinho)

Produção nacional 

O diretor de astronomia do Planetário, Fernando Vieira, contou que, em breve, o público poderá assistir a uma produção nacional na cúpula. A equipe da instituição já está criando o filme Constelações, estrelas e mitos, que deve ficar pronto em dezembro, para ser exibido durante as férias escolares.

Segundo Vieira, a intenção da instituição é criar um filme mais adaptado à realidade educacional do Brasil. 

“No exterior, as crianças vão ao planetário já sabendo conceitos básicos de astronomia, o passeio é mais para ilustrar em profundidade o que já foi visto em duas dimensões na lousa da sala de aula”, explicou Vieira. “Infelizmente, no Brasil, a ida ao planetário não é complementar às aulas; aqui temos que começar do zero. Então precisamos de um material próprio que, além de entreter, seja educacional.”

Sofia Moutinho
Ciência Hoje On-line