Alunos se divertem e aprendem com futebol para robôs

Uma competição entre robôs inspirada na Copa do Mundo de futebol — a Robocopa — aconteceu no dia 8 de junho na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Participaram do campeonato 39 grupos formados por alunos do segundo ano dos cursos de engenharia de produção, mecânica, mecatrônica e naval. O torneio — uma atividade didática — tinha por objetivo estimular a criatividade dos estudantes.

Em cada partida, dois robôs se enfrentavam durante 90 segundos.
Ganhava aquele que mais bolas levasse à meta adversária

A Poli organiza todos os anos competições entre robôs, sempre com temas diferentes. Em 2002, a tarefa dos estudantes foi projetar e construir máquinas capazes de marcar gols. Por isso, algumas aulas da disciplina ’Introdução ao projeto de sistemas mecânicos’ foram dedicadas ao desenvolvimento de robôs que pudessem jogar futebol. Os alunos foram divididos em grupos de oito e cada equipe ficou responsável pela construção de uma máquina.

Os robôs foram produzidos a partir de materiais simples, como madeira, papelão e alumínio. “Eles podiam contar também com dois motores e dois cilindros pneumáticos, emprestados pelos laboratórios da Poli e reutilizados a cada ano”, explica o professor Nicola Getschko, coordenador do projeto. O custo de um robô não ultrapassou R$ 30,00. “O que diferenciava um robô do outro era a estratégia utilizada para colocar as bolas no gol do adversário: alguns apresentavam garras, outros exibiam alavancas, entre outras alternativas.”

Prender a bola nas ’garras’ dianteiras dos robôs era uma
das estratégias para se marcar gols na Robocopa

Em cada partida da Robocopa , dois robôs semelhantes a caixas de 25 centímetros de altura se enfrentavam em um campo parecido com uma mesa de futebol de botão, com 3 metros de comprimento por 1,75 de largura. “Dez bolas de tênis eram espalhadas por esse campo e o robô que após 90 segundos tivesse feito mais gols era o vencedor”, explica o professor Gilberto Marta, que também participa do projeto. Durante o jogo, os alunos guiavam as máquinas por controle remoto com fio.

A construção do robô tem um peso pequeno na nota final da disciplina, mas, segundo os professores, os alunos se dedicam muito a esse projeto. “Nosso objetivo é oferecer aos estudantes a oportunidade de praticar aquilo que aprendem na teoria”, diz Getschko. Os alunos devem montar o projeto de um robô e executá-lo. Em seguida, precisam testar a máquina e corrigir eventuais falhas. “Isso desperta nos estudantes qualidades fundamentais para engenheiros, como criatividade e capacidade de resolver problemas com rapidez e eficiência”, afirma Gilberto Marta.

Das três equipes mais bem classificadas na Robocopa sairão seis alunos que vão participar do International Design Contest , evento que integra a Robocon . Este é um campeonato de robôs a se realizar no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Boston (EUA), na segunda quinzena de agosto. “Participam ainda da competição estudantes da Alemanha, Coréia, EUA, França, Inglaterra e Japão”, lembra Getschko.

Fernanda Marques
Ciência Hoje on-line
19/06/02