Apocalipse adiado

A literatura e o cinema popularizaram as previsões de fim do mundo há bastante tempo. O apocalipse da vez é o supostamente anunciado pelo calendário maia, encontrado na década de 1960 e segundo o qual, no próximo dia 21 de dezembro, uma catástrofe natural exterminaria a raça humana e, junto com ela, tudo mais que existe no planeta.

O mote – e a grande repercussão que vem tendo na internet – inspirou astrônomos da Fundação Planetário do Rio de Janeiro, que acaba de lançar o filme Fim do mundo. “Sabíamos que esse tema estaria na mídia este ano e acompanhamos o que se falava nas redes sociais”, conta Alexandre Cherman, astrônomo do planetário e um dos produtores do filme. “Usamos uma abordagem científica para mostrar às pessoas que isso não vai acontecer agora”, completa.

“Usamos uma abordagem científica para mostrar às pessoas que isso não vai acontecer agora”

Fim do mundo pretende provar que a profecia é um grande erro de interpretação. Para isso, explica o que é um calendário, como os maias lidavam com o tempo, suas medidas e divisões em ciclos – b’ak’tun, o ciclo mais longo, seria o responsável pelo anúncio do apocalipse. Segundo especialistas, o que está representado na pedra em que o calendário foi escrito nada mais é do que o fim de uma era e o início de outra. Algo como nosso réveillon.

Para Cherman, e para a maioria dos cientistas, o mundo vai, sim, acabar, mas isso acontecerá daqui a milhões ou bilhões de anos. De acordo com o conhecimento científico atual, não existe uma razão sensata para acreditar que isso ocorrerá agora. O problema maior é que muitas pessoas confundem o fim do planeta com o desaparecimento dos seres humanos – este, sim, pode acontecer a qualquer momento, como resultado, por exemplo, de guerras nucleares ou do espalhamento das superbactérias.

O filme explica também como os dinossauros e seus contemporâneos foram dizimados, ressaltando o fato de que nosso planeta é vulnerável a acidentes como aquele e que, de certo modo, está fadado ao fim. Seja pela queda de um meteoro – como no caso dos dinossauros –, pelo apagar do Sol ou algum outro evento cósmico.

Produção nacional

Fim do mundo, em exibição na cúpula Carl Sagan do planetário, foi inteiramente produzido pelos profissionais da instituição e levou pouco mais de quatro meses para ficar pronto. “A produção foi bastante enxuta; iniciamos a elaboração do roteiro em setembro e já estreamos agora em janeiro”, comenta o astrônomo.

Segundo Cherman, a cúpula Galileu Galilei é a única que não tem material produzido nacionalmente. “Adquirimos há pouco tempo um novo sistema de tecnologia digital, mas que só usamos para exibir produções internacionais, já que ainda não existe no Brasil tecnologia para isso. Esperamos tê-la o mais rápido possível.”

Veja o vídeo de divulgação do filme

Ana Carolina Correia
Ciência Hoje On-line