As 2010 listas para o ano novo (final)

Vamos analisar a última parte da lista dos outros êxitos científicos de 2009, publicada pela revista científica Science em janeiro.

    Regresso da terapia genética para o reparo de problemas com o DNA. Esses procedimentos, apesar de serem empregados desde 1990, conviviam com enormes dificuldades técnicas que tornam o seu uso inviável em humanos. Contudo, em 2009 várias iniciativas reavivaram a possibilidade do emprego dessa solução elegante no combate de doenças. São exemplos: o combate a amaurose congênita de Leber, uma forma de cegueira hereditária, o uso do vírus do HIV (enfraquecido e incapaz de causar a Aids) para o transporte de um gene para a correção da adrenoleucodistrofia, doença que destrói a mielina, uma bainha protetora dos axônios dos neurônios e que foi retratada no filme O óleo de Lorenzo. O desenvolvimento de ‘cristais magnéticos de spin‘, que possuem íons com um único pólo magnético. Esses monopólos magnéticos que foram, por enquanto, encontrados em compostos como o titanato de hólmio e o titanato de disprósio, podem, no futuro, esclarecer como ocorre a quantização da carga elétrica. A descoberta de vapor d’água e gelo na lua por meio de sensores presentes na sonda LCROSS (da terminologia inglesa, Lunar Crater Observation and Sensing Satellite). Para isso, os cientistas e analisaram os detritos provenientes do choque de um foguete arremessado contra a cratera Cabeus, localizada no polo sul de nosso satélite, antes considerado como um corpo estéril e pouco interessante (para propósitos científicos!). Esse achado acrescenta dados preciosos sobre a possibilidade de existência de vida fora de nosso planeta, mesmo em locais tão inóspitos como a lua. Reparação do telescópio espacial Hubble, por meio de uma missão efetuada por astronautas da estação espacial. Assim, foram eliminados defeitos que comprometiam a visão do Hubble nesses 19 anos de utilização e prolongada a vida útil por mais cinco anos.Esses reparos realizados em maio último deram também um ‘banho de loja’ no Hubble, que recebeu uma nova câmera com uma resolução 10 vezes superior, um espectrógrafo para ultravioleta. Como resultado desse esforço foram apresentadas pela Nasa, no início de setembro, imagens espetaculares da nebulosa borboleta e outras maravilhas celestes, indicando que o Hubble estava de volta à ativa.

Esses dez êxitos científicos alcançados no ano passado indicam que há razões para otimismo em diversas áreas de pesquisa para os próximos anos. Contudo, o que devemos esperar para a ciência neste ano que acaba de se iniciar? Aguardem, pois tratarei desse tema no próximo post.

 

Jerry Carvalho Borges
Departamento de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Lavras