Conforme prometido, vou comentar uma pouco mais sobre alguns dos outros êxitos científicos de 2009, citados na lista publicada pela revista científica Science em janeiro.
- Identificação de novos pulsares (estrelas de nêutrons muito massivas e compactas, com gravidade muito elevada e rotação rápida) pelo telescópio espacial de raios-gama Fermi (da Nasa) ajudou a compreender melhor a emissão única de raios-gama por esses corpos celestes.Prolongamento da duração da vida por meio de alterações na via de sinalização celular da rapamicina, um fármaco descoberto em 1965 por pesquisadores brasileiros na Ilha de Páscoa (o nome da droga homenageia o nome nativo dessa ilha equatoriana, Rapa-Nui). Essa droga controla a via de sinalização bioquímica TOR, envolvida, entre outras coisas, com a síntese proteica e na divisão celular. Além disso, a substância permitiu a criação de camundongos que tiveram a sua vida ampliada em até 38% em relação aos representantes de sua espécie.
- Descoberta de como produzir membranas formadas por átomos de carbono, reunidos em uma estrutura cristalina hexagonal densamente compactada e com espessura de apenas um átomo. Essas folhas, conhecidas como grafeno, derivam-se do grafite e possuem uma estrutura estável e resistente. Também conduzem elétrons, podendo permitir no futuro a produção de dispositivos, como transistores, de tamanho mínimo próximos dos limites físicos da matéria.
- Resolução da estrutura espacial do ácido abscísico (ABA). A pesquisa tem como função a regulação de vários aspectos ligados à fisiologia das plantas, tais como respostas ao estresse hídrico, estímulo da queda das folhas, inibição da germinação de sementes e o desenvolvimento dos gomos e auxílio no crescimento e desenvolvimento dos caules. Esse hormônio é crucial para ajudar as plantas a sobreviver às secas. Essa descoberta poderá, no futuro, permitir a produção de compostos sintéticos que protejam culturas em períodos de seca prolongada, melhorando a produtividade agrícola.Criação do primeiro laser de raios-x do mundo conhecido como LCLS (do termo inglês, Linac Coherent Light Source). no Centro de Aceleração Linear de da Universidade de Stanford, Estados Unidos. Esse equipamento levou três anos para ser construído e custou cerca de 730 milhões de reais. O LCLS é uma poderosa ferramenta para se investigar a estrutura atômica de materiais biológicos ou não, pois produz raios-x um bilhão de vezes mais poderosos que os atuais. Além disso, o equipamento gera pulsos de 2 milionésimos de nanosegundos, suficientes para se analisar reações químicas em progresso e se modificar as estruturas dos diversos materiais.
Depois continuarei apresentando para vocês algumas outras descobertas e êxitos científicos do ano que passou.
Jerry Carvalho Borges
Departamento de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Lavras