Catolicismo perde espaço no Brasil

A Basílica de Nossa Senhora de Aparecida, em Aparecida (SP), o maior templo católico brasileiro (foto: Valter Campanato / Agência Brasil).

O catolicismo brasileiro está em declínio e vem perdendo espaço para os evangélicos pentecostais, em franca ascensão. Os católicos chegaram a alcançar 98% da população nacional em 1940, mas o número de adeptos vem caindo e chegou ao patamar mais baixo da história: 64% em 2007.
Essa perda foi diluída entre as demais religiões nacionais, mas foi mesmo o evangelismo pentecostal que mais atraiu os “ex-católicos”: eles eram apenas 2,6% em 1940 e hoje alcançam mais de 17% da população brasileira. Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Antônio Flávio Pierucci, isso é uma questão de mercado.

“Os pentecostais fazem mais ações de marketing que os fiéis das outras religiões. Eles não só têm um bom produto, como sabem vendê-lo”, compara Pierucci. Sociólogo das religiões, ele falou sobre o declínio católico na palestra “Novos Números das Religiões do Brasil”, durante a 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que segue até o dia 13 de julho, em Belém.

Segundo ele, os pentecostais também vão mais à luta por meio de suas lideranças. “No futuro, sobreviverão aquelas igrejas que se organizarem mais nos moldes de empresas. Elas poderão ter resultados melhores”, prevê o especialista.

Na análise das religiões pelas regiões do país, Pierucci mostra que a maior parte dos católicos brasileiros concentra-se no Nordeste, no interior de estados como Piauí, Ceará e Paraíba, região conhecida como Cariri, que sofre influência do Padre Cícero. O local que tem mais seguidores das religiões afro-brasileiras é o Sudeste, com 327 mil fiéis. Evangélicos tradicionais têm mais fiéis no Centro Oeste e representam 6% da população brasileira. Já os kardecistas têm seu principal foco também no Sudeste, com 4%. No Norte, a religião predominante é a evangélica pentecostal, com 22% da população.

“Quem mais se converte no país são as faixas mais pobres da população, os negros, as mulheres e os moradores das periferias”, complementa. Outro fenômeno curioso identificado por Pierucci são as pessoas de outras religiões que se dizem católicas. A diferença de prestígio das religiões faz com que, na hora de responder a uma pesquisa, por exemplo, o indivíduo prefira não dizer a verdade. “Com o tempo, percebemos que a religião se transformou numa questão privada. É um aspecto íntimo da privacidade”, avalia. Pierucci aponta outras crenças em ascensão no Brasil: o budismo tem 245 mil fiéis e as tradições indígenas alcançam 10 mil adeptos.

Carolina Valadares
UnB Agência
11/07/2007