Conexão ambiental

As cenas provocam inquietação. O lixo na baía de Guanabara (RJ); a deterioração dos cursos d’água que abastecem a população do Rio de Janeiro; o despejo forçado de moradores de uma favela carioca.

Em uma novíssima série de documentários, intitulada Conexão Ambiental, o biólogo Marcelo Rocha, do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet/RJ), dirige-se a jovens entre 11 e 14 anos para tratar de temas como biodiversidade, sustentabilidade e a relação homem-natureza.

É uma abordagem lúdica. Mas também provocativa. Pois não se limita às fronteiras de uma única área do saber

É uma abordagem lúdica. Mas também provocativa. Pois não se limita às fronteiras de uma única área do saber. Da biologia à geografia, ou da sociologia à política, as análises propostas nos documentários transcendem os domínios clássicos das ciências e mostram que, na verdade, o conhecimento acadêmico pode ser diretamente aplicado à realidade social vivenciada por cada jovem em seu cotidiano.

São seis documentários. E eles abordam três principais eixos temáticos: poluição das águas, resíduos sólidos e ocupação urbana. “As filmagens foram feitas no estado do Rio de Janeiro, mas os conceitos de educação ambiental vão muito além da realidade fluminense e se aplicam a praticamente todos os estados do país”, diz Rocha, coordenador do projeto.

Veja vídeo de apresentação do projeto Conexão Ambiental

“Os documentários lançam ao espectador perguntas que o farão refletir sobre suas atitudes”, afirma o biólogo. Ele conta que, em uma das escolas onde já foram exibidos os documentários, o resultado foi promissor. “A maioria daqueles alunos vivia no entorno da baía de Guanabara e, mesmo assim, eles mal sabiam o que acontecia naquelas águas; após o documentário, passaram a ver aquela realidade com outros olhos.”

Cada documentário tem entre 5 e 10 minutos. A produção fica por conta dos alunos do curso superior em gestão ambiental do Cefet/RJ. Sob a coordenação de Rocha, e com o apoio dos técnicos de estúdio da instituição e do produtor cultural Marcelo Nogueira, os estudantes ficam responsáveis pelo roteiro, pela filmagem e pela edição dos vídeos.

“Todos os documentários foram elaborados e pensados para serem utilizados em atividades educativas com estudantes do ensino fundamental”, destaca Rocha. “Utilizamos recursos imagéticos e linguísticos compatíveis com a faixa etária de 11 a 14 anos.”

O lançamento da série aconteceu na última terça-feira (15/07), na Casa da Ciência, no Rio de Janeiro (RJ). Professores e alunos interessados em obter o material e escolas que queiram agendar visitas – os organizadores oferecem atividades pedagógicas baseadas nos vídeos – podem entrar em contato pelo e-mail [email protected].

E Rocha adianta: “Estamos em busca de parcerias para levar o projeto a outras regiões do Brasil.”

Conheça os seis vídeos da série

Vídeo: Guanabara de quem?
Local: Baía de Guanabara e entorno
Abordagem: Relação homem-natureza
Sinopse: O vídeo mostra o contraste do local antes preservado com o atual cenário modificado pelas intervenções do homem ao longo dos séculos. Também aborda condições espaciais e geográficas da baía, bem como sua relação com o homem.  A reflexão sugerida diz respeito à relação destrutiva entre o ser humano e a natureza, sobretudo no que se refere aos impactos negativos sobre os recursos hídricos.

Vídeo: Lixo de todos nós
Local: Baía de Guanabara e entorno
Abordagem: Sustentabilidade
Sinopse: O vídeo aborda situações relativas à poluição da baía de Guanabara, como o despejo diário de resíduos tanto sólidos quanto líquidos e suas consequências para a vida dos seres vivos. São discutidas ideias como reciclagem e reutilização, como estratégia para diminuir tal poluição. O documentário propõe discussões sobre os efeitos de pequenas atitudes, entre elas, o descarte irregular de lixo, que gera consequências imensuráveis tanto para o homem quanto para o ambiente.

Vídeo: Água que preciso sempre
Local: Rio Guandu
Abordagem: Sustentabilidade
Sinopse: O vídeo trata da importância da água como forma de manutenção da vida e como lazer – por exemplo, nas praias. São apresentadas as fases do tratamento da água. A reflexão proposta é sobre a preservação dos meios hídricos e sua relação com o desenvolvimento humano.

Vídeo:
Como vai seu mundo?
Local: Rio Guandu
Abordagem: Biodiversidade e relação homem-natureza
Sinopse: O documentário trata do rio Guandu, importante não só para os cariocas como para moradores de municípios adjacentes. Projetos de reflorestamento são realizados em seu entorno. O vídeo discute como a poluição antrópica é nociva, ressaltando a importância do tratamento da água. Reflete-se principalmente acerca da relevância da água tratada e de seu consumo.

Vídeo: Sai do morro hoje
Local: Maracanã
Abordagem: Relação homem-natureza
Sinopse: O documentário retrata os problemas vivenciados pelas pessoas afetadas pela remoção desordenada da favela do Metrô Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ). O objetivo é apresentar os medos e anseios tanto dos próprios moradores que ainda estão na região quanto dos que já foram realocados em outras partes da cidade. A reflexão sugerida diz respeito não só aos impactos ambientais, mas também sociais e econômicos dessas ações.

Título: Cefet/RJ sustentável
Local: Maracanã
Abordagem: Sustentabilidade
Sinopse: O vídeo discute a importância de se desenvolverem projetos sustentáveis no sentido de contribuir para melhorar a qualidade de vida no planeta. São apresentados alguns projetos desenvolvidos com essa finalidade no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet/RJ).

Henrique Kugler
Ciência Hoje On-line