Cursos a distância são realidade para muitas carreiras, mas seria possível aprender técnicas de campo virtualmente? Apostando em uma resposta afirmativa para a pergunta, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) lançaram uma série de vídeos em que ensinam como coletar e monitorar algumas espécies de animais e plantas.
Todos os vídeos foram produzidos, filmados e narrados pelos próprios pesquisadores. Se em alguns momentos eles parecem pouco confortáveis com o texto ensaiado, em outros mostram com desenvoltura o passo a passo do trabalho na floresta. “Para nós era importante ter a pessoa do pesquisador apresentando, afinal, não é uma novela”, conta o biólogo William Magnusson, coordenador da iniciativa.
Magnusson explica que a série surgiu para complementar os cursos presenciais que o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) do Inpa oferece a profissionais que realizam monitoramento ambiental para órgãos governamentais como a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“A demanda por esses cursos aumentou muito e não tínhamos capacidade de atender. Também percebemos que quem dava a disciplina em campo às vezes esquecia alguma coisa e que muitos alunos não prestavam atenção e voltavam com dúvidas. Com os vídeos, isso não acontece, eles servem como uma revisão.”
Cinco vídeos já estão disponíveis gratuitamente na página do programa e no seu canal do YouTube. Todos seguem uma metodologia padrão, abordam grupos específicos de plantas e animais – árvores comerciais, samambaias, sapos e primatas – e explicam desde como montar o experimento no campo até como organizar os dados coletados. O próximo vídeo a sair tratará de peixes.
“Estamos aprendendo; cada vez fazemos um pouco melhor”, avalia Magnusson. “Estamos fazendo algumas mudanças para melhorar o áudio, que é sempre o mais complicado. Mas o mais importante é que os vídeos sejam úteis.”
Confira a primeira parte do vídeo sobre trabalho de campo com sapos
Mariana Ferraz
Ciência Hoje On-line/ AM