A região onde hoje é o Triângulo Mineiro foi o lar de um verdadeiro gigante, há cerca de 65 milhões de anos. O Uberabatitan ribeiroi, que habitou a área no fim do período Cretáceo Superior, é o maior dinossauro já descoberto no Brasil, com mais de 15 metros de comprimento. Uma reconstrução do esqueleto desse réptil foi apresentada nesta quarta-feira, dia 24, e ficará exposta ao público no Rio de Janeiro até o fim de outubro, antes de seguir para o Museu dos Dinossauros, em Uberaba (veja detalhes ao final da matéria). Confira abaixo uma reportagem em vídeo sobre a nova espécie.
Clique na imagem para ver um vídeo sobre o Uberabatitan ribeiroi.
Os fósseis do Uberabatitan foram descobertos por uma equipe internacional de cientistas junto à BR 050, a cerca de 30 km da cidade de Uberaba. A equipe incluía pesquisadores do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Museu dos Dinossauros de Uberaba e da Universidade Nacional do Comahue (Argentina). Foram encontrados 198 ossos em bom estado de conservação e 100 fragmentos. Os fósseis, descobertos em escavações entre 2004 e 2006, pertencem a três indivíduos de proporções e tamanhos diferentes.
De acordo com o paleontólogo da UFRJ Ismar de Souza Carvalho, um dos autores da descoberta, esta foi a maior escavação já realizada no Brasil para a retirada de um dinossauro. “Foram mais de três anos de trabalho e cerca de 300 toneladas de rocha retiradas durante a escavação”, explica. “Nunca foi realizada uma escavação semelhante no país em número de pessoas envolvidas”.
Representação artística de vários espécimes de Uberabatitan ribeiroi. Esses dinossauros habitavam a região do atual Triângulo Mineiro, mediam entre 15 e 20 metros de comprimento e pesavam cerca de 14 toneladas (arte: Rodolfo Nogueira).
Um dos últimos do Cretáceo
A nova espécie foi descrita em artigo publicado na revista Palaentology. O U. ribeiroi era herbívoro do grupo dos saurópodes e tinha entre 15 e 20 metros de comprimento, cerca de 3,5 metros de altura e tinha um peso estimado entre 12 e 16 toneladas.
Por ter sido encontrado entre formações rochosas na fronteira entre os períodos Cretáceo e Terciário, os pesquisadores acreditam que se trata de um dos últimos dinossauros do Cretáceo no Brasil. “O conjunto dos fósseis revela um alto nível se estresse ecológico”, afirma Carvalho. “Esses animais podem ter sido extintos por conta das sucessivas mudanças climáticas ocorridas nessa transição”.
Segundo os pesquisadores, os animais viviam em um ambiente de clima sazonal, com fortes inundações e períodos prolongados de seca. Os fósseis descobertos em Uberaba pertenciam ao maior grupo de saurópodes encontrado em um único local, junto com fósseis de uma outra espécie, o que leva à hipótese de que os animais tenham morrido em um evento catastrófico.
A réplica do esqueleto Uberabatitan ribeiroi estará exposta ao público de 25 de setembro a 24 de outubro na Casa da Ciência da UFRJ, na Rua Lauro Muller, 3, Botafogo, Rio de Janeiro, com entrada gratuita. A Casa da Ciência fica aberta de terça a sexta, de 9h até 20h, e sábado e domingo, de 10h até 20h.
Igor Waltz
Especial para a CH On-line
24/09/2008