Lesão cerebral e antidepressivos

Se confirmados, os resultados são boa notícia para tratar vítimas de lesão cerebral resultante de esportes, tombos, agressões, acidentes automobilísticos etc. Dar a esses pacientes antidepressivos parece que ajuda o cérebro a criar mais neurônios ou força o amadurecimento de células que ainda estão nas fases iniciais de desenvolvimento.

Metade das pessoas que sofrem lesão cerebral tem depressão

Metade das pessoas que sofrem lesão cerebral tem depressão. Não se sabe se o quadro é consequência da situação pela qual a pessoa está passando ou se tem a ver com o dano em si.

A investigação dessa possível relação levou neurocirurgiões a concluir que pacientes que sofriam dano cerebral e para os quais eram prescritos antidepressivos conseguiam ter ganhos de memória e de funções cognitivas melhores do que aqueles, também lesionados, para os quais a droga não havia sido dada.

Para testar a relação dano-droga, Jason Hwang, da Universidade de Rochester (EUA), usou camundongos com lesões cerebrais. Para parte deles, foi dado antidepressivo imipramina, aprovado para uso humano. Depois, os dois grupos de animais foram submetidos a testes padronizados de memória.

Grosso modo, esses testes medem o tempo que um jovem animal passa explorando um novo objeto. Na próxima vez que ele é posto em contato com esse objeto, ele deixa de ser novidade, o que faz o animal dedicar pouco tempo à exploração. Porém, animais com problemas de memória, voltam a examinar o objeto como se ele fosse novidade.

Os camundongos que tomaram imipramina se saíram melhor nos testes. Porém, dizem os autores, não houve benefícios em relação à coordenação motora.

A questão é se antidepressivos estimulam o crescimento de novos neurônios em certas partes do cérebro – algo que já se sabe em relação a animais de laboratório – ou se ela ajuda células cerebrais imaturas a se transformarem em adultas.

Os autores, que também são da Universidade de Nova York e da Universidade da Pensilvânia, ambas nos Estados Unidos, desconfiam que a molécula conhecida como BDNF (sigla, em inglês, para fator neurotrófico derivado do cérebro) tenha algo a ver com esses resultados, publicados no Journal of Neurotrauma.

Cássio Leite Vieira
Ciência Hoje/ RJ