A Biblioteca Parque de Manguinhos, localizada no complexo de mesmo nome na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi inaugurada em 2010. O lugar tem 2,3 mil metros quadrados, um grande salão principal, espaço para leitura e 27 mil títulos que podem ser retirados pelo leitor. É uma biblioteca, sem dúvida, mas é mais do que isso: é também – e sobretudo – uma área de convivência fincada no meio de uma região carente da cidade.
Entende-se por ‘biblioteca-parque’ os empreendimentos relacionados à leitura construídos em áreas de risco ou carentes de cultura. Esses espaços em geral tentam abraçar o visitante, fazendo com que ele não vá à biblioteca apenas para ler, mas também para conviver.
“As pessoas podem e devem ir à nossa biblioteca mesmo que não seja para ler um livro; podem ir para ver um filme, acessar a internet, o importante é que elas estejam lá”, disse o diretor da biblioteca de Manguinhos Alexandre Pimentel, em mesa-redonda ontem (5/7), na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).
Pimentel, que preside o projeto de bibliotecas-parque da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, falou no evento sobre o espaço de Manguinhos – o primeira desse modelo no país – e mostrou as estruturas das bibliotecas instaladas em Niterói e na favela da Rocinha.
“É importante dizer que queremos criar boas bibliotecas na favela, e não bibliotecas ‘de favela’”, afirma Pimentel. “Não é porque o Sebastião Salgado fala de problemas sociais que só teremos livros dele.”
“A biblioteca é um bem e um espaço do público”, corrobora a educadora colombiana Silvia Castrillón, uma das responsáveis pela explosão das bibliotecas-parque em seu país, em especial nas cidades de Medellín e Bogotá. Castrillón dividiu a mesa com Pimentel, segundo o qual a experiência colombiana é “a maior influência das bibliotecas-parque brasileiras”.
Castrillón, que na Flip leu um longo texto “pensado palavra a palavra”, cita Paulo Freire para responder à pergunta retórica que ela mesma faz: por que ler é importante? “Porque a pessoa encontra na palavra a razão de ser e estar no mundo, porque torna o ser humano mais autônomo”, diz a educadora, que no ano passado esteve no Brasil para lançar O direito de ler e escrever, seu terceiro livro.
Atenção: ano passado foi anunciado na Flip que Paraty ganharia uma biblioteca-parque.
O evento literário teve início na quarta-feira (4/7) e vai até o próximo domingo (8/7).
Confira a cobertura iconográfica da Flip
Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line