Em julho deste ano, o estado norte-americano de Indiana tornou opcional o ensino da caligrafia nas escolas locais. Em vez da escrita à mão, aulas como as de digitação em teclados passarão a se tornar obrigatórias nos currículos dos alunos. Esse é um exemplo de como a tecnologia está dominando as salas de aula e promovendo uma revolução na vida dos alunos e, principalmente, dos professores.
No embalo dessa nova tendência da educação, foi realizado nos dias 3 e 4 de novembro o Conecta – 1º Seminário de Tecnologias Educacionais. Promovido pelo Sesi/Senai, o evento reuniu cerca de dois mil profissionais de diversos locais do Brasil para uma série de palestras e oficinas no Rio de Janeiro.
Na conferência de abertura, o especialista em tecnologia, redes sociais e internet Eric Qualman, autor do livro Socialnomics e vice-presidente da empresa de intercâmbio cultural Education First, sintetizou a discussão que nortearia todo o encontro: como lidar com as novas tecnologias e inseri-las de modo dinâmico e proveitoso em sala de aula?
Para ele, o lado pessoal, os negócios e a educação estão todos interligados, principalmente no ambiente virtual. E os professores precisam aprender como introduzir as novas ferramentas tecnológicas no dia a dia dos alunos. Uma das sugestões de Qualman é o uso de vídeos do Youtube e tarefas interativas, como as do repositório on-line Khan Academy.
“Cada indivíduo vai usar a tecnologia de modo diferente”, disse. E destacou: “Vivemos um ótimo tempo para ser professor e para ser estudante”.
Veja um vídeo sobre as práticas atuais de ensino e o papel da tecnologia na educação
Profissionais da área de educação reunidos em debate que se seguiu à conferência concordam com a visão de Qualman. “Todos nós educadores sabemos que a escola tem que mudar, só não sabemos como”, ponderou a professora Patricia Lins e Silva, da Escola Parque, no Rio de Janeiro, que criou uma rede social própria para interação entre os estudantes. “E eu acho que são os alunos que vão nos levar a essa resposta”, completou.
Durante o evento, os participantes tiveram acesso a uma boa amostra do que pode ser introduzido nas escolas para dinamizar e ampliar o ensino. Além disso, puderam ver como as novas tecnologias funcionam na prática e como os estudantes lidam com elas.
Entre as inovações apresentadas estavam o uso de brinquedos da série Lego Mindstorms, que permite a criação de robôs e máquinas, para promover a educação tecnológica. Outros destaques foram o emprego de simuladores de máquinas, como empilhadeiras, e de WebTV para tornar mais dinâmico o processo educativo.
Interatividade e criatividade
Em conferência no segundo dia de evento, o também especialista em tecnologia, redes sociais e internet Anthony Williams, coautor dos livros Wikinomics e Macrowikinomics e professor da Universidade de Toronto (Canadá), falou sobre comportamento digital. Ele lembrou que a internet e as mídias sociais não são um fenômeno apenas nos Estados Unidos, na Europa ou no Brasil, mas no mundo todo. “A nossa economia é integrada e global, e a tecnologia só está aumentando isso.”
Williams fez questão de ressaltar que os nativos tecnológicos, crianças e jovens que já nasceram com acesso à internet e às novas tecnologias, não são mais estimulados pelas antigas fórmulas usadas pelos professores, como seminários. O incentivo agora deve passar pela interatividade e o estímulo à criação, como o uso responsável da Wikipedia e das mídias sociais.
“Na época em que escrevemos o livro [2006], o Twitter era uma nota de rodapé, mas hoje ele é a maior ferramenta para espalhar notícias no mundo”, contou Williams. E acrescentou: “Apenas precisamos aprender a utilizar as novas tecnologias”.
O especialista também enfatizou que as empresas precisam investir nas escolas para formar estudantes com o conhecimento tecnológico necessário para a economia atual e futura.
Assista a um vídeo sobre o crescimento das mídias sociais e seus efeitos
Ana Carolina Correia
Ciência Hoje On-line