Na torcida

Ele tem sido anunciado como o cometa do século. Seu brilho, especulavam os astrônomos, poderia chegar, em novembro, à magnitude -11 (quase tão claro quanto a Lua), o que faria com que o astro pudesse ser visto a olho nu mesmo de dia. O mês chegou e, para desgosto dos amantes da astronomia, não está sendo assim tão fácil enxergar o cometa ISON.

O astro, que atingiu seu brilho mais intenso (magnitude 4,8) no último dia 15, pode ser visto a olho nu no hemisfério Norte por volta da hora do nascer do Sol. Por aqui, o cometa não é visível porque, como estamos no verão, período em que os dias são mais longos, nesse momento em que ele aparece já está claro.

O astrônomo Paulo Pereira, da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, diz que, em lugares mais ermos, afastados da poluição luminosa das grandes cidades, os mais sortudos têm alguma chance de avistar a cauda do astro com binóculos. Mas é preciso procurar bem pelo vasto céu e contar com a sorte mesmo.

Cometa ISON
A comparação mostra o aumento do brilho do cometa em fotos do astrônomo Damian Peach tiradas em 10 e 15 de novembro. (foto: Damian Peach)

Pereira avisa que a melhor visibilidade está prevista para a noite do dia 26 de dezembro, quando o cometa estará em sua máxima aproximação com a Terra, a 64 milhões de km de nós. Mas isso depende ainda de mais sorte, pois existe a possibilidade de que o ISON não sobreviva até lá.

A melhor visibilidade está prevista para a noite do dia 26 de dezembro, quando o cometa estará em sua máxima aproximação com a Terra

Muitos astrônomos têm especulado que o cometa pode não resistir à gravidade e à radiação solar quando atingir o periélio, sua distância mínina em relação ao Sol. O ISON pode se desfazer nesse momento, previsto para o dia 28 de novembro.

Outra opção seria que o cometa não se extinguisse por completo, mas ficasse fragmentado. “Nesse caso, poderia ser interessante para os observadores e astrônomos, pois seus pedaços se espalhariam e seria mais fácil achá-lo com binóculos”, comenta Pereira.

O jeito é guardar a ansiedade e esperar até lá para ver o desfecho. Enquanto isso, dá para se contentar com as imagens já captadas pelos sortudos do hemisfério Norte e pelos mais poderosos telescópios do mundo.

Brilho magnífico
Uma das medidas mais usadas para avaliar o brilho dos astros é a magnitude aparente. Quanto maior o seu valor, mais fraco é o brilho do astro em relação à Terra. Quanto menor o valor, mais brilhoso ele nos parece. O Sol, por exemplo, tem magnitude em torno de -27. O limite típico do brilho de estrelas para que sejam vistas da Terra a olho nu é 6, já a magnitude mínima para serem captadas pelo telescópio espacial Hubble é 32.

Sofia Moutinho
Ciência Hoje On-line

Este texto foi atualizado para incluir a seguinte alteração:
O cometa ISON está visível a olho nu no hemisfério Norte por volta do nascer do Sol, e não do pôr do Sol, como foi dito anteriormente. (21/11/2013)