O grande artesão da paz

Martti Ahtisaari, ex-presidente da Finlândia, em imagem de 2007 (foto: Embaixada dos EUA em Helsinque).

O ex-presidente da Finlândia e diplomata da Organização das Nações Unidas (ONU) Martti Ahtisaari foi o vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2008, em reconhecimento aos seus mais de trinta anos de dedicação à resolução de conflitos entre países na África, Ásia e Europa. O Comitê Norueguês para o Nobel escolheu o finlandês não só pelo seu intenso trabalho de paz e reconciliação mundial, mas por sua extraordinária posição de mediador internacional.

A importância da participação de Ahtisaari na resolução de conflitos internacionais tem aumentado desde 1988. Ele teve papel relevante durante o processo de independência da Namíbia, entre 1989 e 1990, e, na Guerra de Kosovo, em 1999, negociou a paz com o então presidente iugoslavo Slobodan Milošević. Ahtisaari também atuou como mediador de conflitos do grupo separatista IRA (Exército Republicano Irlandês) na Irlanda do Norte, de guerras no continente africano e da Guerra do Iraque em 2003.

Além de participar de missões da ONU, o diplomata foi eleito presidente da Finlândia em 1994. Durante os seis anos em que permaneceu no cargo, facilitou a entrada do país na União Européia. Após sair do governo, fundou sua organização não-governamental, a Iniciativa para Administração de Crises (CMI na sigla em inglês).

Luta pelos direitos humanos
O italiano Giancarlo Summa, diretor da ONU no Brasil, afirma que o prêmio é uma grande satisfação para as Nações Unidas. “Ahtisaari não só luta pela paz, mas também pelos direitos humanos, e é empenhado em promover o desenvolvimento. Ele mereceu muito esse prêmio e tenho certeza que todos os finlandeses estão satisfeitos por esse reconhecimento”, diz Summa à CH On-line.

Em entrevista à página virtual do Prêmio Nobel, Ahtisaari destacou que suas realizações a favor da paz não seriam possíveis sem a ajuda dos profissionais que trabalham com ele. “Estou muito honrado. Temos muitos conflitos para resolver e é importante que os países cooperem em busca de uma solução”, disse. “Hoje fiquei ainda mais contente quando abri o jornal pela manhã e li que Macedônia e Montenegro haviam reconhecido Kosovo como uma nação independente,” revelou o diplomata, citando o país que até o início deste ano pertencia à Iugoslávia.

Conhecido na Finlândia como “the big peacemaker” (cuja tradução para o português poderia ser “o grande artesão da paz”), Ahtisaari ressaltou que continuará trabalhando em conjunto com as Nações Unidas. “Através de minha organização (CMI), poderei buscar resoluções flexíveis para os conflitos, combinando análise, ação e defesa”, completou. 

Juliana Marques 
Ciência Hoje On-line
10/10/2008