Produtores defendem transgênicos


Milho Bt, que possui uma toxina que elimina pragas de insetos graças a um gene da bactéria Bacillus thuringiensis inserido em seu genoma (foto American Phytopathological Society).

Enquanto ambientalistas e movimentos sociais lutam por maior controle dos organismos geneticamente modificados, produtores agrícolas defendem a sua plantação. Em evento paralelo da 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP3), agricultores de quatro países falaram nesta terça-feira sobre as vantagens de plantios transgênicos e garantiram que essas variedades são seguras. O encontro, que reuniu produtores do Brasil, África do Sul, Filipinas e Estados Unidos, foi promovido pelo U.S. Grains Council, o Conselho de Grãos dos Estados Unidos, país não-signatário do Protocolo de Cartagena.

 

O produtor rural Almir Rebelo, do Rio Grande do Sul, discordou da opção do Brasil pelo termo ‘contém’ nas cargas transgênicas e criticou a exigência de testes de laboratório para identificá-las. Ele considerou a medida uma “estupidez” e disse que, além de não trazer benefícios, eleva custos para os produtores. “Se a ciência garante que os produtos são seguros, não há necessidade de mais testes”, afirmou. “Nós, produtores, não vamos aceitar isso.” Rebelo contou que em sua plantação de soja geneticamente modificada o controle de invasores aumentou, a quantidade de herbicidas diminuiu e a produtividade cresceu.

 

O fazendeiro e líder tribal sul-africano Mdutshane disse que o milho transgênico que ele cultiva apresenta menos doenças e pragas e tem mais chance de sobreviver em condições desfavoráveis. “Com isso”, disse, “a renda das famílias de agricultores aumentou”.

 

A vantagem apontada pelo produtor de milho e soja norte-americano Darrel McAlexander – que cultiva soja geneticamente modificada e convencional – é a diminuição de resíduos químicos que prejudicam o solo e causam danos à saúde.

 

Nas Filipinas, de acordo com o agricultor Edwin Paraluman, desde que o plantio de transgênicos foi aprovado, em 2003, famílias voltaram a plantar milho e ampliaram seus recursos financeiros. Ele planta o milho Bt (que contém uma proteína da bactéria Bacillus thuringiensisencontrada no solo, que protege o milho de insetos) e dobrou seus lucros. “O milho que eu planto não tem um dano sequer”, disse Paraluman.

 

 

 

Helen Mendes

 

Especial para a CH On-line / PR

16/03/2006