Quarenta anos com uma cabeça de dezoito

Se agora você está lendo este post é graças a um projeto militar criado em 29 de outubro de 1969 por Leonard Kleinrock e Douglas Engelbart, dois cientistas da Universidade de Stanford e da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), nos Estados Unidos.

Kleinrock e Engelbart criaram durante o auge da Guerra Fria a vovó da internet a pedido do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Para sermos corretos, esse empreendimento está muito longe do que conhecemos atualmente como internet, pois constou da interligação em rede de apenas quatro computadores nas duas universidades norte-americanas.

Com o passar do tempo, a internet disseminou-se mundo afora e hoje podemos encontrar de tudo nela: jogos, bancos, música, lojas, gente para conversar, receitas culinárias ou de como fazer uma bomba atômica, livros, propaganda nazista (credo!) e fofocas… É uma praia de jovens, mas que também tem sido invadida por velhinhos como eu.

É um meio de comunicação importante, mas também é uma tecnologia que revolucionou a nossa forma de ver e de interagir com o mundo. É por meio dela, por exemplo, que posso matar as saudades de meus queridos e saudosos alunos lá da Univasf, apesar de estar a mais de 2 mil quilômetros de distância. Mas também é uma das principais formas de interação entre adolescentes que, muitas vezes, moram a apenas alguns metros de distância.

Também é um território democrático e pouco afeito a regras e a regulamentações, como vocês podem ver pelas tentativas sem sucesso de se bloquear sites de troca de arquivos musicais.

E no Brasil?

Apesar de a internet fazer parte de nosso dia a dia ela ainda está muito longe da maioria dos brasileiros. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), recentemente divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelou que aproximadamente 104,7 milhões de pessoas na faixa etária de 10 anos ou mais não acessam a internet. Só relembrando: o Brasil tem, segundo o IBGE, aproximadamente 191 milhões de habitantes.

A maioria deles não achava necessário (32,8%), não sabia utilizá-la (31,6%) ou não tinha acesso a um computador (30%). Como seria esperado, as pessoas que não acessam a internet por desinteresse ou desconhecimento são mais velhos, com idade média acima dos 44 anos.

Os estudantes que não utilizaram a rede apresentaram como principal motivo o fato de não ter acesso a um computador (46,9%). Mas há uma boa notícia levantada pela pesquisa: a alegação de que o custo do computador é alto, citada como motivo para o não-acesso à internet por 9,1% das pessoas pesquisadas pelo mesmo levantamento em 2005, caiu para apenas 1,7% na pesquisa atual.

Alagoas (48,3%), Rondônia (43,5%) e Acre (47,5%) são os campeões dessa triste lista. Infelizmente, é a injustiça social tão comum em nosso país espelhada na pesquisa do Pnad…

Jerry Carvalho Borges
Departamento de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Lavras