Parece que passear pelas cercanias do nosso planeta virou mania entre asteroides e outros corpos que vagam pelo sistema solar. Depois do meteoro na Rússia há duas semanas e da passagem do asteroide 2012 DA14, outros dois cometas recém-descobertos devem nos proporcionar belos espetáculos no próximo ano. Um deles, inclusive, pode se chocar com Marte. Se isso ocorrer, o impacto nos dará informações preciosas sobre tais eventos.
Ontem (04/03), outro asteroide passou próximo à Terra – e essa notícia é boa não apenas porque nos livramos de uma colisão, mas por simbolizar os avanços em nossa capacidade de detecção.
Provavelmente originário da misteriosa nuvem de Oort, região localizada na borda do sistema solar e formada por bilhões de cometas, o recém-descoberto C/2013 A1 deve passar ‘raspando’ em nosso vizinho vermelho. Segundo simulações realizadas em todo o mundo, em outubro de 2014 ele estará a pouco mais de 100 mil quilômetros de Marte. No entanto, como sua observação é recente e há poucos dados sobre sua trajetória, isso pode mudar. O cometa pode passar a uma distância mais segura do que a inicialmente prevista ou ir diretamente de encontro ao planeta, a mais de 200 mil km/h!
O evento pode ter um impacto global dependendo do tamanho do corpo, ainda não estipulado, e representar uma oportunidade única para estudar de perto um choque desse tipo, com auxílio das sondas que monitoram o planeta. Vale lembrar, no entanto, que planetas atingidos por cometas não são algo novo na história recente do nosso sistema – já observamos, por exemplo, a colisão do Shoemaker-Levy 9 com Júpiter, em 1994.
Espetáculos estelares
Outro grande evento astronômico está agendado para 2013: a passagem do cometa C/2012 S1(Ison) pelo sistema solar. O Ison é outro recém-descoberto cometa – também provavelmente proveniente da nuvem de Oort – que passará próximo ao Sol e à Terra.
As previsões mais otimistas afirmam que ele proporcionará um espetáculo sem precedentes: de novembro deste ano a janeiro de 2014, ele será visível a olho nu, em especial no hemisfério Norte, e poderá apresentar o brilho mais intenso já registrado no céu noturno – superando o brilho de outros cometas e até da lua cheia. O melhor dia para a observação será 28 de dezembro, quando o Ison deverá estar a 64 milhões de quilômetros do nosso planeta.
Os mais pessimistas, no entanto, lembram que o cometa pode se desintegrar bem antes disso, quando passar nas cercanias do nosso Sol.
O cometa vem sendo observado por meio da sonda Deep Impact, a mesma que registrou, ainda em 2005, o impacto de um projétil contra o cometa Temple 1. Depois disso, ela ainda estudou o cometa Harley 2, em 2010, e está programada para visitar outro asteroide até 2020.
Previsão acurada
Astrônomos também descobriram, no final de semana passado, um novo asteroide bem próximo ao nosso planeta. Mas não se preocupe, ele já passou por nós e você nem percebeu. O 2013 EC tem proporções semelhantes ao asteroide que caiu na Rússia – entre 10 e 17 metros de comprimento – e passou ‘pertinho’ da Terra ontem (04/03), a cerca de 396 mil quilômetros, aproximadamente a distância entre a Lua e a Terra, que varia de 363 mil km a 406 mil km.
Comparativamente, o 2012 DA14, que era bem maior do que o novo asteroide, passou muito mais próximo do nosso planeta em fevereiro. Porém, a importância maior do 2013 EC foi a capacidade de os astrônomos preverem sua passagem com alguns dias de antecedência – o asteroide foi observado dois dias antes de sua passagem, o que daria tempo para algum tipo de medida paliativa, caso o impacto fosse possível.
Depois do meteoro da Rússia, muito se tem falado sobre a necessidade de aprimorar nosso monitoramento do espaço. Segundo o astrônomo Gianluca Mais, do Virtual Telescope Project, longe de ser uma má notícia, as descobertas recentes de tantos asteroides e outros corpos não simbolizam um aumento das ameaças ao nosso planeta. Pelo contrário, refletem justamente uma melhoria que já vem ocorrendo em nossa capacidade de identificar esses corpos, graças aos avanços tecnológicos dos últimos anos.
Marcelo Garcia
Ciência Hoje On-line