Comunicar a ciência por meio de vídeos tem deixado de ser tarefa exclusiva de cineastas e documentaristas e passado a ser realizada cada vez mais por cientistas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aproveitou essa onda e criou um concurso de curtas sobre sistemas de saúde feitos por quem mais entende do assunto, os próprios pesquisadores da área.
Cerca de 50 vídeos de vários países foram inscritos na competição. Dezesseis foram selecionados por um júri composto por 22 especialistas em sistemas de saúde e comunicação por vídeos. Cada jurado escolheu cinco filmes, levando em conta tanto a forma quanto o conteúdo.
Os 16 vídeos vencedores serão exibidos durante o II Simpósio Global sobre Pesquisas em Sistemas de Saúde, que começa amanhã e vai até o dia 3 de novembro, em Beijing, na China.
As temáticas abordadas nos vídeos são as mais variadas, desde como adolescentes em Bangladesh lidam com o tabu da menstruação até experiências concretas de criação de centros de saúde em países carentes e devastados pela guerra, como Etiópia e Guatemala, passando pelo preconceito com doentes mentais na Índia.
“Penso que a comunicação visual pode ser usada como instrumento para difundir melhor certas mensagens”, diz a organizadora do concurso, Alexandra de Souza. “Hoje em dia, filmes deveriam ter o mesmo peso que slides em simpósios científicos. Ambas as mídias são financeiramente viáveis e tecnicamente possíveis e alguns temas podem se beneficiar mais pelo formato em vídeo.”
Confira alguns dos vídeos, com legenda ou áudio em inglês
Explorando a loucura
O curta retrata como a doença mental na Índia é vista pela população e tratada pelas autoridades de saúde. Estigmas e confusão da condição médica com mitos populares são alguns dos problemas para as pessoas que sofrem de doenças mentais no país, sem contar a falta de infraestrutura e assistência médica.
“Borohawa” (garota crescida)
O documentário mostra como adolescentes de Bangladesh lidam com a chegada da menstruação. A situação, que pode ser encarada de maneira prática por muitos ocidentais, é um entrave para essas garotas. Sem acesso a itens de higiene básicos, como absorventes íntimos, a ida à escola durante esse período pode ser complicada.
Imagine
A animação retrata a realidade de países pobres, principalmente da África, que perdem seus melhores profissionais de saúde para os países desenvolvidos.
Participação social para equidade em saúde
O documentário mostra como pesquisadores da Guatemala vêm estabelecendo programas de aproximação com a população para melhorar o sistema público de saúde. O acesso à assistência médica é garantido por lei no país, mas alguns grupos sociais não conseguem usufruir desse direito. As comunidades indígenas, com uma história de 36 anos de conflitos armados com as autoridades governamentais, estão entre eles.
Sofia Moutinho*
Ciência Hoje On-line
* A repórter viajou à China a convite da OMS.