Com o objetivo de superar o estereótipo do indígena brasileiro – alimentado pelo romantismo de autores como José de Alencar e Gonçalves Dias – e oferecer uma visão crítica da realidade dos 700 mil índios que restam no país, foi criado em 1992 o projeto ‘Séculos Indígenas no Brasil’. Mas só agora vem à luz um de seus principais frutos: o documentário Maíra, de Darcy Ribeiro: um Deus mortal?, do cineasta carioca Frank Coe.
Confira aqui vinheta de abertura do filme:
Com duração de 75 minutos, o filme é um inventário da cultura indígena brasileira, com depoimentos, entrevistas e paisagens. Seu lançamento está previsto para a 16ª edição do festival ‘É Tudo Verdade – 2011’, que acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro entre 31 de março e 10 de abril. Para a realização do documentário, a equipe de produção percorreu 12 estados brasileiros e o Distrito Federal, totalizando mais de 30 mil km.
O diretor Frank Coe conta que o projeto surgiu após seu contato, em Berlim, com o líder indígena Álvaro Tukano, no início dos anos 1990. Ele logo percebeu que ambos tinham muitos interesses comuns, como, por exemplo, preservar a memória indígena.
Até a chegada dos colonizadores, havia 6 milhões de índios no Brasil. Hoje não passam de 700 mil (cerca de 11% da população original), reunidos em 234 diferentes etnias, que falam cerca de 180 línguas.
Mosaico cultural
Durante os 17 anos do projeto ‘Séculos Indígenas no Brasil’, os pesquisadores colheram depoimentos, fizeram entrevistas e registraram a vida e o ambiente de nossos índios por meio de fotos e em cerca de 40 horas de filmagens. Esse inventário expõe o rico mosaico da cultura indígena de nosso país.
“Por meio de fotos, gravuras, desenhos, objetos de arte indígena, vídeos, animações e textos, o projeto ‘Séculos Indígenas no Brasil’ apresenta diferentes aspectos do cotidiano de várias comunidades do país”, explica o cineasta.
“Além disso, mostra a visão de figuras referenciais sobre questões indígenas e a luta ambiental no Brasil, como Darcy Ribeiro (1922-1997), José Lutzenberger (1926-2002) e os líderes indígenas Ailton Krenak e Álvaro Tukano”, completa.
Do projeto resultou também um Catálogo descritivo de imagens, publicado pela editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e organizado por Frank Coe, André Ramos e Édison Hüttner. Exemplares desse Catálogo foram enviados à biblioteca de algumas instituições de ensino, para fomentar a pesquisa sobre o tema.
“O catálogo vem acompanhado de DVDs, que contêm as mais de 40 horas de gravação do material bruto utilizado no documentário que será lançado”, afirma Hüttner.
O projeto resultou de uma parceria entre o Núcleo de Pesquisa Indígena da PUC-RS, a Fundação Darcy Ribeiro, a Sociedade Indígena Nheengatu e a produtora Karioka Multimedia.
Confira mais imagens do projeto ‘Séculos Indígenas no Brasil’
Luan Galani
Especial para a CH On-line /PR