Sim ao rótulo ‘contém OVMs’


O líder do MST, João Pedro Stédile, exibe o símbolo para identificar transgênicos
(fotos: Célio Yano).

A cerimônia de abertura do Fórum Global da Sociedade Civil nesta terça-feira movimentou a 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança. Lá estavam a ministra do meio ambiente, Marina Silva, o governador do Paraná, Roberto Requião, o líder nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, além de representantes de organizações não-governamentais (ONGs) para avaliar o novo posicionamento do Brasil sobre a identificação de produtos transgênicos destinados à exportação.

 

O líder do MST protestou contra as grandes plantações de transgênicos e disse que as monoculturas vão contra a biodiversidade. “É possível fazer uma agricultura tradicional baseada na policultura, na biodiversidade; uma agricultura tradicional sustentável.” Stédile lembrou que há uma lei que obriga as empresas a discriminar carregamentos transgênicos por meio de um rótulo e, exibindo em um papel o símbolo que deveria indicar produtos geneticamente modificados, quis saber se alguém já tinha visto esse desenho em alguma embalagem. “Eles não garantem que os transgênicos não fazem mal? Por que então não assumem que seus produtos são alterados?”, questionou. 

 

Conhecido por seu discurso contrário ao plantio de transgênicos, o governador Roberto Requião, embora tenha aplaudido a nova decisão brasileira, criticou o governo federal, que estaria deixando de repassar verbas para o porto de Paranaguá (PR), com o objetivo de incentivar sua privatização. “O porto é o único do país dotado de uma logística que permite exportar cargas compostas totalmente de grãos não-transgênicos”, disse Requião.

 

A ministra Marina Silva, do meio ambiente, discursa ao lado do governador do Paraná, Roberto Requião

Marina Silva, que no dia anterior tinha estado com o presidente Lula para a decisão do posicionamento oficial brasileiro, destacou as vantagens que o Brasil terá com a identificação ‘contém OVMs’ nas cargas de commodities modificadas. “Nosso país é o único em que pode haver coexistência de plantios transgênicos e convencionais. Assim, ganhamos duas vezes.”

 

A nova posição do Brasil impõe que as cargas com organismos vivos modificados (OVMs) tenham identificação estrita sobre seu conteúdo, mas dá um prazo de quatro anos para que a logística necessária para a segregação de transgênicos seja implementada.

 

Durante a cerimônia, a ministra, que presidirá a 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), se defendeu da crítica de que o prazo de quatro anos seria uma moratória. “A regra não está estancada; ela é cumulativa e processual”, disse. “Até 2010 todos os estados já deverão estar com o sistema de logística pronto.”

 

 

 

Célio Yano

 

Especial para a CH On-line / PR
15/03/2006