Álcool deixa homens mais soltos que mulheres

Homens perdem a inibição mais facilmente do que as mulheres com o consumo da mesma dosagem de álcool. Essa foi a conclusão de um estudo realizado na Universidade de Kentucky (EUA) publicado em outubro na revista Addiction . A pesquisa indicou também que a bebida deixa os homens mais estimulados e as mulheres mais relaxadas.

Em um café ou o absinto , tela de 1876 do pintor francês Edgar Degas

Os autores do estudo afirmam que a descoberta pode explicar por que os homens têm maior tendência à agressividade quando bêbados. “Os homens ficam muito mais estimulados ao beber e perdem mais facilmente a capacidade de interromper suas reações”, afirmou Mark Fillmore, autor principal do estudo, em comunicado à imprensa.

Para o teste, os cientistas deram a 12 mulheres e 12 homens que costumam beber apenas socialmente a mesma dose de álcool (0,65 g/kg). Essa dose produz uma concentração de 0,9 gramas de álcool por litro de sangue (no Brasil, o limite legal tolerado no trânsito é de 0,6 g/l).

Após tomarem a bebida, os voluntários testaram a capacidade dos participantes de realizar uma simples tarefa: apertar um botão verde no momento em que um símbolo da mesma cor aparecesse no monitor. Toda vez que um símbolo azul aparecesse, eles não deveriam fazer nada. No total, foram apresentadas 250 imagens para cada participante.

Já era esperado pelos pesquisadores que, quanto mais bêbadas as pessoas ficassem, menor seria a capacidade de elas se conterem para não apertar a tecla ao ver a luz azul. Os resultados mostraram que os homens tiveram desempenho significativamente pior que o das mulheres.

Depois do exame, os participantes tiveram que responder um questionário que avaliava como eles observavam os efeitos do álcool em seu comportamento. Eles tiveram que classificar como 14 adjetivos se aplicavam a eles próprios quando alcoolizados, sendo 7 relacionados à estimulação e os outros 7 à sedação. Para cada adjetivo era dada uma nota de 0 a 10.

Os homens relataram grandes níveis de estimulação que incluíam agressão, confiança e perda de inibição. A nota média que os homens se atribuíram nessas categorias foi mais de duas vezes superior à das mulheres. Em compensação, as mulheres relataram níveis de sedação maiores que os masculinos.

Mark Fillmore explica que a diferença entre os sexos pode ser a responsável por reações ao álcool de intensidade tão diferente. Ele sugere que distinções biológicas, psicológicas e culturais são importantes na resposta ao álcool, e reconhece que mais estudos são necessários para identificá-las.  

Renata Moehlecke
Ciência Hoje On-line
01/11/04