O novo aparelho detector de vazamentos pode ser muito útil em postos de combustível, para evitar riscos de explosão.
Uma tecnologia inovadora para a detecção de fluidos promete revolucionar a identificação de vazamentos, seja em postos de combustível ou até em grandes indústrias. O Detector Ótico de Vazamentos (DOV), desenvolvido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) em parceria com a empresa Gavea Sensors, é um equipamento capaz de perceber pequenas quantidades de líquidos com precisão, através de sensores ligados a fibras óticas. O aparelho pode ser usado como sistema de monitoramento do meio ambiente, para detectar vazamentos tóxicos e poluentes, além de ser ideal em lugares como postos de combustível, onde um vazamento significa perigo de explosão.
Segundo o coordenador do projeto, o físico Luiz Carlos Guedes, do Laboratório de Sensores a Fibra Ótica (LSFO) da PUC-Rio, a tecnologia tem uma série de vantagens em relação aos métodos usados hoje para monitorar vazamentos de fluidos, que geralmente funcionam por meio de bóias colocadas em pontos de risco que flutuam quando há a presença de líquidos. “O grande problema dessa técnica é a necessidade de haver certo volume de líquido vazado para que a bóia seja suspensa. Assim, não é possível detectar um vazamento mínimo, que também poderia ser perigoso”, afirma Guedes, que também é diretor executivo da Gavea Sensors, empresa criada pela equipe do LSFO para comercializar seus produtos.
O Detector Ótico de Vazamentos é composto por uma unidade medidora e um conjunto de até 16 fibras óticas, que podem ter um quilômetro de extensão. Quando o fluido entra em contato com a ponta de uma fibra, onde está localizado um sensor, uma quantidade diferente de luz é refletida por este, por causa da mudança do índice de refração, que é percebida e analisada pelo medidor. Esse dado permite inclusive a identificação do líquido que vazou, por meio do índice de refração registrado. Com essa estrutura, o equipamento permite a uma indústria monitorar pontos de produção a partir de uma unidade central.
O Detector Ótico de Vazamentos é composto por um medidor e até 16 fibras óticas com sensores nas pontas. (Foto: Gavea Sensors).
Extremamente útil em postos de combustível, o DOV é programado para reconhecer álcool, gasolina, óleo diesel e água. Quando as pontas das fibras são dispostas em locais de armazenamento de combustíveis, é possível evitar perdas do produto e, conseqüentemente, os riscos de acontecer uma explosão são minimizados.
Sensores com diversas aplicações
O Detector Ótico de Vazamentos é apenas um dos medidores desenvolvidos pelo LSFO que usam a mesma tecnologia. Há outros sensores com a capacidade de medir aspectos diferentes, como deformação e deslocamento de estruturas e variações de pressão, temperatura e vibração. Esses sensores têm aplicações diversas, como o monitoramento de atividades de extração de petróleo e gás natural, geração e transmissão de energia elétrica e engenharia civil.
A versatilidade das fibras óticas deve-se ao seu pouco peso e sua maior flexibilidade. As fibras óticas podem atingir longas distâncias e sua matéria-prima – geralmente vidro ou polímeros – oferece isolamento elétrico e imunidade eletromagnética, o que confere maior segurança ao produto. Na maioria dos casos, ainda há a possibilidade de reconhecer vários sinais provenientes de muitos sensores dispostos em uma única fibra ótica, fenômeno chamado de multiplexação de sinais, que reduz consideravelmente o custo para os clientes em potencial.
“A tecnologia de sensores a fibra ótica vem se desenvolvendo rapidamente nos últimos anos”, diz Guedes. Para ele, isso se deve à necessidade de as empresas monitorarem pressão, temperatura, deformação, vibração ou possíveis vazamentos de grandes estruturas, como dutos, pontes e barragens, uma vez que qualquer problema pode pôr em risco todo o funcionamento da corporação.
O pesquisador ressalta que o monitoramento por sensores de fibra ótica vem ganhando destaque, porque pode evitar grandes desastres ecológicos. “Contaminações de solos, ar e água vêm sendo tratadas com bastante empenho, levando em conta o impacto ambiental”, diz. E completa: “O monitoramento das atividades potencialmente poluidoras deve ser constante, de forma a evitar prejuízos ao meio ambiente.”
Fabíola Bezerra
Ciência Hoje On-line
01/10/2007