Ao soar da sirene

O Sistema de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, já anunciado pela imprensa, deve ser implementado até novembro deste ano em 20 municípios brasileiros. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira (2/5) pelo secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), o climatologista Carlos Nobre.

Segundo Nobre, o papel do sistema será integrar previsões meteorológicas e climatológicas com dados sobre áreas de risco para saber quando e onde pode haver inundação ou deslizamento. O centro de operações será na cidade de Cachoeira Paulista (SP).

“Nós temos as ferramentas e conhecimentos meteorológicos avançados, o que falta é a coleta e análise dessas informações”, afirmou Nobre na Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro.

No entanto, o Brasil tem apenas cerca de 20 municípios com mapeamento detalhado de áreas de risco. “Por isso, um primeiro passo é promover uma coleta de dados ambientais desses municípios”, contou o secretário. Para isso, serão instalados radares e pluviômetros automáticos por todo o território brasileiro, a fim de obter informações de ocorrências de chuvas, inundações e deslizamentos.
   

Antes tarde do que nunca

O Brasil, segundo Nobre, é o sexto país com maior número de mortes por desastres naturais. Dessas, 58% são causadas por inundações e 11% por deslizamentos. 

O Sistema de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais será semelhante àqueles já ativos em outros países, como Japão, Itália e Noruega. “O Japão, embora menor que o Brasil, tem quase a totalidade de seu território em áreas de risco de desastres naturais. E seus alertas costumam ser dados cerca de duas horas antes dos acidentes, às vezes até segundos”, conta Nobre.

As fortes chuvas ocorridas na última segunda-feira, no Rio, foram o primeiro teste do sistema de alerta com radar meteorológico integrado à prefeitura, instalado em janeiro deste ano após os desastres na região serrana do estado. A sirene soou cerca de meia hora antes das chuvas em 11 áreas de risco, o que levou cerca de 120 moradores a deixarem suas casas.

Alguns criticaram o pouco tempo entre o primeiro alerta e as chuvas, mas Nobre discorda. “Não digo que não deva haver aperfeiçoamentos, mas acho que se cinco vidas foram salvas com esse alerta, já é positivo”, defende. “É impossível um alerta ser dado com 48 horas de antecedência, como vem sendo divulgado”.

Isabela Fraga
Ciência Hoje/ RJ