Brasil terá Instituto Virtual de Células-Tronco

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As células-tronco embrionárias são capazes de se diferenciar em células de vários tecidos humanos, como neurônios, medula óssea, músculo cardíaco e pâncreas (arte: NIH).

Os cientistas brasileiros envolvidos com o estudo de células-tronco – um dos mais promissores campos da biologia do século 21 – serão integrados por uma rede virtual que permitirá que compartilhem informações, comparem resultados e adotem procedimentos comuns. A idéia deve se tornar uma realidade nos próximos meses e foi apresentada durante o I Encontro Nacional de Células-Tronco Embrionárias Humanas, realizado em 4 de novembro na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
 
O Instituto Virtual de Células-Tronco foi inspirado em iniciativas similares dos Estados Unidos e do próprio Brasil – um centro para o estudo de doenças neurodegenerativas foi instituído este ano no Estado do Rio de Janeiro. A idéia foi lançada pelo neurocientista Stevens Rehen, professor da UFRJ e líder de um dos grupos de pesquisa a serem reunidos pela iniciativa. A formalização do projeto aguarda apenas a confirmação do apoio de patrocinadores que já manifestaram interesse em financiar a idéia.
 
Inicialmente, o Instituto reunirá as 41 equipes que foram recentemente contempladas com recursos dos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia para o estudo de células-tronco embrionárias e adultas. Os projetos enviados por esses grupos – que representam 23 instituições de 10 estados – foram selecionados no final de agosto. O primeiro repasse deve chegar ainda este mês – no total, os 41 projetos receberão R$ 11 milhões. Outras equipes que pesquisam células-tronco também serão convidadas a integrar o Instituto Virtual.
 
Entre os objetivos principais da iniciativa está a busca de procedimentos comuns para os grupos que pesquisam células-tronco em todo o país. “Se cada grupo tiver seu próprio protocolo, vai ser muito difícil comparar os resultados e converter isso em inovação, pois os resultados podem ser influenciados por aspectos como o meio de cultura ou os reagentes utilizados”, justifica Stevens Rehen. “Por isso é importante definirmos um padrão nacional, o que pode gerar uma grande economia para o país.”
 
A idéia é que os protocolos estejam disponíveis on-line e que sejam aprimorados coletivamente à medida que forem testados com diferentes tipos de células por cada uma das equipes envolvidas. Num segundo momento, o Instituto Virtual deve facilitar também a derivação de linhagens brasileiras de células-tronco embrionárias humanas.
 
O Instituto não terá sede física, mas apenas um site na internet, que deve servir de ponto de encontro dos pesquisadores envolvidos com a iniciativa. O portal trará informações para o treinamento de cientistas para o cultivo de células-tronco e tornará disponíveis on-line os resultados obtidos. “Queremos também promover no site do Instituto um fórum de discussão permanente com a imprensa e a sociedade”, conta Rehen.
 

Os diferentes grupos de pesquisa devem se reunir anualmente para apresentar as novidades de seus estudos – o evento no Rio de Janeiro foi a primeira dessas reuniões. “Para as próximas edições, a idéia é fazer uma reunião itinerante, que conte também com workshops e uma dimensão mais prática”, afirma o neurocientista. 


Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line
07/11/05