A pesquisa ouviu 2004 pessoas, com idade média de 36 anos, nas cinco regiões do país no final do ano passado. Os entrevistados tinham uma renda média de pouco mais de R$ 900 por mês e apenas 10% haviam completado o Ensino Superior. Essa amostra foi escolhida de forma a refletir o perfil da população brasileira, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre sua distribuição, seu grau de instrução e sua renda.
Segundo o levantamento, os interessados em ciência e tecnologia procuram, em primeiro lugar, se informar sobre informática, descobertas científicas e novas tecnologias. A televisão é o meio mais procurado, e revistas e jornais empatam em segundo lugar. Apesar de ressaltarem a qualidade das reportagens desses veículos, uma parcela significativa das pessoas acredita que o número de matérias dedicadas ao tema ainda é pequeno. Entre aqueles que não se informam sobre assuntos da área científica ou tecnológica, 37% dizem não entender do tema.
Para o coordenador da pesquisa, o físico Ildeu de Castro Moreira, do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do MCT, os resultados demonstram uma apreciação positiva, mas não ingênua, da população sobre C&T. O estudo revelou uma preocupação acerca dos prejuízos que os avanços científicos podem causar ao meio ambiente e ao mercado de trabalho. No entanto, 46% dos entrevistados acreditam que esses avanços geram mais conseqüências positivas do que negativas, e confiam nos cientistas, descritos no questionário como “pessoas inteligentes que fazem coisas úteis para a humanidade”.
Outra importante conclusão do estudo é que 52% dos entrevistados não visitaram ou participaram, no último ano, de algum evento científico. O motivo apontado por 35% dessas pessoas é a falta de museus, jardins botânicos ou bibliotecas públicas perto de casa. Outros 19% sequer sabem onde encontrar algum museu. Entre os que freqüentam tais lugares, 45% afirmam que sempre aprendem algo.
Moreira ressalta que a pesquisa é um elemento de reflexão. “A partir dela podemos dar um novo enfoque à divulgação científica no país”, diz. E acrescenta: “Essa reflexão não cabe apenas ao governo federal, mas às instituições de pesquisa e publicações que atinjam o grande público, como jornais e revistas.”
Fernanda Alves
Ciência Hoje On-line
07/05/2007