Facilitar o acesso a informações qualificadas e atualizadas, que podem ajudar a orientar profissionais de saúde de todo o país no tratamento de pacientes com câncer urológico. Esta é a proposta de um aplicativo gratuito para smartphones e tablets desenvolvido pelo Hospital A.C.Camargo, referência na área.
O programa é uma espécie de versão para iPad e iPhone dos manuais desenvolvidos pela equipe do hospital e aplicados em suas rotinas. Destinado a urologistas, cirurgiões oncológicos e demais profissionais da área, ele traz protocolos de tratamento para casos de câncer na próstata, na bexiga, no rim, no testículo e no pênis.
Segundo o oncologista Gustavo Guimarães, diretor do Núcleo de Urologia do A.C.Camargo e idealizador do aplicativo, diferentemente dos manuais de referência produzidos pelas associações relacionadas ao tema, que são muito amplos, esse material é mais objetivo. “O nosso manual é focado nas rotinas do hospital, tem como meta orientar o trabalho dos profissionais de forma mais prática e direta”, explica. “A proposta é padronizar a rotina terapêutica, para facilitar a avaliação dos resultados e a proposição de modificações que melhorem esse atendimento.”
O aplicativo – chamado ‘Manual de condutas e rotinas terapêuticas em uro-oncologia’ – traz informações sobre tipos histológicos e patológicos, sobre perfis de risco para classificação de pacientes de acordo com o estado clínico e o tipo de câncer e sobre estágios de evolução da doença. Também apresenta protocolos de quimioterapia, radioterapia, cirurgia, tratamentos coadjuvantes e condutas específicas para doenças metastáticas. “Além disso, por ser dedicado ao trato com os pacientes em todas as fases da doença, aborda problemas relacionados às complicações do tratamento, como infecções, incontinência urinária e disfunção erétil”, explica o oncologista.
Do bolso aos dedos
A proposta do hospital de dar maior mobilidade e praticidade à consulta de suas condutas e rotinas não é nova, segundo Guimarães. A primeira iniciativa do grupo nesse sentido foi a adaptação das informações para o formato de livro de bolso, em 2006. Mas, mesmo esse formato, apresentou limitações. “Dificilmente o médico pode estar com o livro em qualquer situação e é complicado realizar atualizações”, exemplifica o oncologista. “Além disso, não era simples responder à grande demanda de profissionais externos pela publicação.”
Surgiu, então, a ideia de transformar o conteúdo em um aplicativo. O trabalho de adaptação de textos e fluxogramas consumiu os últimos cinco meses da equipe. “Esse formato permite atualizar o material e criar conteúdos adicionais sempre que necessário, sem custos adicionais, e pode ser disponibilizado de graça para profissionais de todo o país”, avalia o oncologista.
Uma das primeiras atualizações, inclusive, já está prevista: a criação de um atlas de fotos relacionadas às manifestações e complicações do câncer. A primeira leva vai abordar as complicações relacionadas ao tratamento de câncer com radioterapia – uma temática pouco abordada nos livros da área, segundo Guimarães. “Trata-se de um bom exemplo do nosso objetivo: fazer circular informação útil e de qualidade para o tratamento da doença, baseada na nossa experiência e referenciada na bibliografia”, afirma. “O aplicativo ajuda nessa missão.”
Gratuito e disponível para qualquer um com iPhone ou um iPad – e em breve também com smartphones que operam no sistema Android –, o aplicativo pode proporcionar ainda um maior intercâmbio entre profissionais da área. “Esperamos receber dúvidas, sugestões e trocar conhecimentos com os médicos de outros centros, para aprimorar ainda mais nosso trabalho”, avalia o oncologista. “Além disso, as rotinas tratam de procedimentos gerais, mas podemos discutir casos individuais, que precisem de atenção especial.”
Desenvolvido em parceria com a RGR Publicações, o manual foi lançado em 29 de outubro e tem feito sucesso: se manteve entre os aplicativos mais baixados na Apple Store brasileira desde então, oscilando entre as primeiras posições.
Animados com o sucesso, os profissionais de saúde do hospital trabalham no desenvolvimento de conteúdos semelhantes relacionados a diversos tipos de câncer ginecológico e proctológico, que provavelmente farão parte de futuras atualizações ou mesmo de aplicativos próprios.
Marcelo Garcia
Ciência Hoje On-line