Cheiro de poder

De acordo com estudo feito por pesquisadores tchecos, o cheiro de homens cujo perfil psicológico revela uma característica dominadora é mais atraente para mulheres. No entanto, essa preferência não é geral e se manifesta apenas entre mulheres que estão no período fértil do ciclo menstrual e em um relacionamento estável. A pesquisa foi publicada em julho na revista científica Biology Letters .
 
Para determinar se um homem era dominante ou não, os pesquisadores submeteram aos participantes do estudo um questionário de 11 perguntas, que foi respondido por 48 estudantes entre 19 e 27 anos de idade (clique aqui para ler o questionário – em inglês)
 
“Neste trabalho, consideramos dominância como um traço psicológico, ou seja, algo que é consistente ao longo do tempo e em diferentes situações”, explica o coordenador do estudo, Jan Havlíček, do Departamento de Antropologia da da Universidade Charles, em Praga (República Tcheca). Ele acrescenta que pessoas dominadoras apresentam características como assertividade, confiança e sempre tentar superar os outros.
 
Os estudantes usaram pequenas almofadas de algodão nas axilas por 24 horas. Então, 30 mulheres na fase fértil do ciclo menstrual (do nono ao décimo-quinto dia), com idade média de 20,6 anos, e 35 em outras fases, com 20,2 anos em média, cheiraram 10 almofadas cada e deram notas de um a sete para os quesitos intensidade, sensualidade e masculinidade. A análise das respostas mostrou que as mulheres na fase fértil achavam mais sensual o cheiro dos homens cujo teste revelou um perfil dominador. Quando estas foram divididas em solteiras e envolvidas em uma relação estável, a mesma correlação foi encontrada para as últimas.
 
Segundo Havlíček, os resultados reforçam a idéia de que uma estratégia mista de acasalamento evoluiu nas mulheres: elas preferem homens geneticamente superiores como parceiros sexuais de curto prazo ou extra-maritais, e procuram aqueles que se importam com seus filhos para estabelecerem relacionamentos de longa duração. Como a dominância é vista como um sinal de qualidade genética, pois refletiria uma maior resistência física, esses homens seriam procurados para gerar prole.
 
Não estar na fase fértil ou em um relacionamento duradouro faria com que as mulheres valorizassem mais o segundo tipo de homem. “De um ponto de vista evolutivo, seria mais importante para as solteiras encontrar um parceiro estável primeiro”, explica o coordenador.
 

O grupo pretende agora expandir o estudo usando diferentes ferramentas para medir dominância e mudando os parâmetros do experimento, como fazer com que a mesma mulher avalie um odor duas vezes, tanto na fase fértil quanto fora dela. Além disso, Havlíček informa que eles desejam descobrir se a testosterona está envolvida no fenômeno. “Seria muito interessante também saber quais substâncias mediam o efeito que observamos”, conclui. 

Fred Furtado
Ciência Hoje On-line
25/07/05