Os bioquímicos Leopoldo De Meis e Vivian Rumjanek, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenam um projeto de ensino de ciências hoje difundido em dez universidades do país (Fotos: Marina Verjovsky).
Um dos principais pontos discutidos no Simpósio foram os resultados de um projeto de ensino de ciências organizado por De Meis e Rumjanek, que visa ensinar aos professores e alunos de escolas públicas brasileiras como a ciência é feita nos laboratórios e procurar jovens talentos de baixa renda para oferecer a eles uma oportunidade de inserção no meio científico. Iniciado há 18 anos, o projeto hoje é difundido em dez universidades do país. Durante o evento, os coordenadores locais discutiram as dificuldades encontradas na realização do projeto e procuraram formas de aperfeiçoá-lo, além de debater com os alunos sobre meios alternativos de ensinar ciência.
Em outra vertente, o Simpósio buscou promover uma discussão interdisciplinar sobre assuntos de interesse geral. A relação entre ciência e arte foi tema de um amplo debate que provocou polêmica, principalmente sobre as definições dessas áreas. A conclusão dos participantes foi que, independentemente de conceitos teóricos, a arte pode ser usada para tornar a ciência mais atrativa e interessante.
Os bonecos mamulengos foram apresentados no Simpósio como alternativa para tornar o ensino de ciência mais atrativo.
O Simpósio incluiu apresentações diversificadas, como um espetáculo teatral de artistas surdos e a exibição dos bonecos mamulengos de Fernando Limoeiro, que faz campanhas educativas no sertão nordestino. Os participantes ainda aprenderam com o astrônomo Germano Afonso, da Universidade Federal do Paraná, sobre constelações indígenas – inclusive com aulas práticas à noite, em volta da fogueira.
Os convidados do evento foram unânimes quanto ao sucesso da iniciativa, que promoveu uma importante troca de experiências e visões diferentes. Segundo o professor de cinema Heitor Capuzzo, da Universidade Federal de Minas Gerais, esse foi o início de um processo de “descondicionamento do olhar”. De acordo com os participantes, o diálogo enriquece as formas de fazer e pensar ciência e suscita novas maneiras de transmitir conhecimentos de modo acessível, eficaz e com emoção.
Marina Verjovsky
Ciência Hoje On-line
13/06/2006