O imageamento do cérebro em funcionamento por ressonância magnética funcional (fMRI) vem revolucionando a neurociência desde sua invenção há 20 anos — tanto que seu uso clínico foi contemplado com o Nobel de medicina deste ano.
O método, no entanto, é difícil de ser empregado em bebês, tanto por limitações técnicas para obter imagens com detalhes suficientes de cérebros tão pequenos, quanto por requerer que a criança seja imobilizada dentro do túnel do aparelho.
Uma nova alternativa é a ’topografia óptica por espectroscopia’, técnica desenvolvida por pesquisadores do Laboratório de Pesquisas Avançadas da empresa Hitachi, em colaboração com duas universidades japonesas.
A nova técnica consiste em iluminar a cabeça da criança com luz quase infravermelha e monitorar, através do crânio intacto, quanto da luz é absorvida ou refletida a cada momento, por cada ponto do cérebro. As variações observadas indicam o grau de oxigenação da hemoglobina do sangue circulante no cérebro, que por sua vez reflete o nível de ativação de cada ponto do cérebro, sob o crânio.
Em artigo publicado em setembro na revista Proceedings of the National Academy of Sciences , a equipe japonesa mostra que a técnica permite a visualização da ativação do córtex visual em bebês de 2 a 4 meses de idade, acordados, sem que seja necessária a imobilização das crianças.
A inovação representa um alívio para as mães que concordam em contribuir com a ciência. Pena que as imagens da nova técnica, ao contrário daquelas obtidas por fMRI, sejam limitadas à superfície do cérebro.
Suzana Herculano-Houzel
O Cérebro Nosso de Cada Dia