O estado do Rio de Janeiro vai iniciar um programa, já em implantação em outros estados da federação, chamado “Produtores de águas e florestas”. Essa iniciativa remunerará em até R$ 60 por hectare por ano os proprietários de terras que restaurem ou preservem florestas.
O título do programa faz alusão clara à conexão entre a presença de florestas e a disponibilidade de água. Sua existência reconhece que florestas prestam um serviço ambiental à coletividade humana, justificando assim a eventual remuneração daqueles que as recuperam ou simplesmente não as destroem.
Lembremos sempre que somos incapazes de “produzir” florestas: só sabemos fazer plantações de árvores, o que definitivamente não é a mesma coisa. Florestas dignas desse nome exigem tempo. Muito tempo. O mesmo vale para a água: não há forma de “produzir” esse recurso que possa competir com o simples aproveitamento da água que já circula naturalmente na biosfera. O programa é piloto, por enquanto só envolve uma microbacia de 5 mil hectares no município de Rio Claro. Sejamos otimistas: tomara que pegue.
Leilão eólico
Anunciou-se a realização de um leilão de energia eólica em 2009, o que motivou o registro junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de projetos para explorar essa fonte renovável num total de cerca de 4.000 MW .
“Negawatt”
Já se fala no “negawatt”, excelente trocadilho que descreve o watt não utilizado ou desperdiçado em qualquer ponto da cadeia de geração, da origem ao consumidor. É a tal eficiência energética, ou o “como não pensei nisso antes?”. Um bom exemplo, ideia de pesquisadores de Minas Gerais, é o tapete trocador de calor. A água fria que se dirige ao chuveiro passa primeiro por um tapete, no solo do boxe, onde é preaquecida por troca de calor com a água usada, cujas calorias são em geral jogadas ralo abaixo – literalmente. Simples, não? E barato, além de reduzir a conta de luz em até 40%. Não procure nas boas casas do ramo, você ainda não vai achar. Mas sejamos otimistas.
Em breve, automóveis também terão a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia comum nos eletrodomésticos (imagens: reprodução/Inmetro).
Questão de etiqueta
As etiquetas que indicam a eficiência energética dos eletrodomésticos invadiram a garagem. Agora os carros sairão de fábrica com a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) em programa coordenado pelo Inmetro, ao qual cinco grandes montadoras prontamente aderiram.
Se quiser saber se o possante é eficiente ou perdulário, consulte http://www.inmetro.gov.br .
Carro eficiente: você ainda vai ter um. Afinal, é questão de etiqueta.
O caro sai barato
Uma grande distribuidora de gás brasileira vai substituir em prazo de dois anos 190 de seus caminhões por modelos com carroceria cujo piso, em vez de madeira, será de materiais biossintéticos, compostos de fibras vegetais e resíduos plásticos. A opção é cerca de 20% mais cara… mas dura o triplo!
Celular solar
O Japão, país cujo símbolo é o sol nascente, vai lançar em junho um modelo de celular que pode ser recarregado com luz solar. É isso mesmo: a notícia se refere a junho de 2009. Eu achava que isso já existia (Viram? Eu já era otimista antes desta coluna…) Ah, seja breve: dez minutos de exposição ao Sol só garantem um minuto de conversa.
Atlas do Sol
Por falar nisso, a Eletrobras entregou em abril de 2009 ao governo de Alagoas o Atlas Solarimétrico do Estado, um mapeamento das áreas com maior potencial para a geração de energia solar no território alagoano, que será usado como chamariz para investidores privados. Achei essa notícia o máximo, embora ela não ocupasse mais que uma área (mínima!) de 4,5 x 3 cm em um jornal carioca de grande circulação.
Chuveiros eficientes
A Caixa Econômica Federal vai financiar a construção de habitações populares no Nordeste e uma das condições para o financiamento será o uso de chuveiros elétricos com certificado de eficiência energética. Nordeste, Sol, chuveiro elétrico … algo parece estar fora da ordem. Mas não: significa que, antes disso, a exigência simplesmente não existia. Portanto, seguimos na via do progresso.
Lenta e gradualmente… Vejamos quanto tempo teremos que esperar até que eu acumule notas o bastante para escrever uma nova coluna otimista!
Jean Remy Davée Guimarães
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
15/05/2009