Uma hipótese semelhante já foi formulada para um outro crocodilomorfo – o Sarcosuchus imperator , encontrado em depósitos de 100 milhões de anos no Níger (África) e na Bahia. Apesar de ser bem maior – chegava possivelmente à casa dos 10 metros –, o Sarcosuchus não tinha as mesmas adaptações que o Baurusuchus ou o Stratiotosuchus , e era mais semelhante aos crocodilomorfos atuais, devendo passar maior tempo dentro da água.
Por fim, vale a pena ressaltar a existência de um importante depósito com crocodilomorfos fósseis no Acre. São diversas formas, muitas ainda não estudadas, encontradas em rochas do Mioceno (com cerca de 8-6 milhões de anos de idade). Entre elas, destaca-se o Purussaurus brasiliensis (veja na figura ao lado), cujo tamanho foi estimado por alguns pesquisadores como algo em torno de 15 metros! Apesar de terem vivido em épocas e lugares bem diferentes, o maior exemplar do dinossauro T. rex chegava a cerca de 14 metros – o que faz do nosso Purussaurus um predador ainda maior! Já pensou se o Spielberg descobre isso?
Alexander Kellner
Museu Nacional / UFRJ
Academia Brasileira de Ciências
02/09/05
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Paleocurtas
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Foi descoberto no Quênia o primeiro fóssil de chimpanzé. O material consiste em dentes isolados (pelo menos três) encontrados em depósitos formados durante o Pleistoceno (há cerca de 545 mil anos), que já forneceu algumas centenas de fósseis de hominídeos. A descoberta é muito significativa, já que se pensava que as condições climáticas da região impediriam que chimpanzés – os animais mais aparentadas com a espécie humana – vivessem ali. O estudo acaba de ser publicado na Nature e deve levar a uma melhor compreensão dos passos que levaram ao surgimento do homem e formas assemelhadas.
Foram descobertos na África do Sul embriões do dinossauro Massospondylus carinatus , espécie pertencente ao grupo dos prossaurópodes, que reúne formas herbívoras. O material, encontrado em rochas do Jurássico, consiste em uma ninhada de seis ovos com até 6 cm de diâmetro, cinco dos quais continham embriões articulados. Os resultados do estudo, publicado na Science , sugerem que essa espécie deve ter cuidado e auxiliado os seus filhotes logo após o nascimento, possibilidade que só tinha sido levantada até então para algumas poucas formas do Cretáceo.
Cientistas da França e do Marrocos descreveram uma nova espécie de crocodilomorfo em rochas do Paleoceno (cerca de 60 milhões de anos atrás). Conhecida a partir de um crânio, a espécie Chenanisuchus lateroculi pertence ao grupo Dyrosauridae, que reúne crocodilomorfos marinhos bastante diversificados no mesozóico. O Chenanisuchus difere dos demais por possuir a parte anterior do crânio relativamente curta e órbitas afastadas de posição mais lateral. O estudo publicado pela Palaeontology mostra que este grupo de formas marinhas era mais diversificado do que se supunha.
Pesquisadores canadenses fizeram uma importante descoberta: um mamífero venenoso! O material consiste em um crânio parcial com as arcadas dentárias completas da espécie Bisonalveus browni – que já tinha sido descrita anteriormente com base em material mais incompleto – procedente de rochas da Formação Paskapoo com 60 milhões de anos de idade (Paleoceno) na região central de Alberta (Canada). O Bisonalveus possui nos caninos um canal bastante pronunciado por onde o animal introduzia o veneno ao atacar as suas vítimas – similar ao de várias cobras nos dias de hoje. A descoberta, publicada na Nature em 23 de junho, é muito interessante: até aqui, somente poucas espécies de mamíferos atuais eram tidas como venenosas, possuindo uma saliva tóxica, mas não dentes com a morfologia igual à do Bisonalveus . É preciso examinar com cuidados outros mamíferos fósseis para verificar se mais espécies desenvolveram essa estratégia para capturar suas presas.
Um pesquisador alemão apresentou resultados de uma pesquisa sobre peixes seláquios (tubarões e raias) da Ilha de Seymour, na Península Antarctica. Os espécimes são provenientes de rochas do Eoceno (há cerca de 45-35 milhões de anos). Já foram encontradas 20 espécies de tubarões e 2 de raias. A pesquisa, publicada no Journal of Vertebrate Paleontology , identificou restos de mais duas formas de tubarão, aumentando a diversidade destes peixes nestes depósitos.
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