Descobertos novos gigantes pré-históricos

Duas novas espécies de dinossauros foram apresentadas aos paleontólogos neste mês. Uma delas, o Glacialisaurus hammeri, era um réptil herbívoro de até oito metros de comprimento que habitou a Antártica 190 milhões de anos atrás. O outro dinossauro recém-descoberto é o Carcharodontosaurus iguidensis, um carnívoro de 14 metros de comprimento encontrado no Níger, na África, em depósitos rochosos com 95 milhões de anos de idade.

O Glacialisaurus hammeri viveu na Antártica há cerca de 190 milhões de anos. Naquele momento, o atual continente gelado era tão quente quanto o sudeste dos Estados Unidos atualmente (arte: William Stout).

Os fósseis do dinossauro que viveu na Antártica foram encontrados na montanha de Kirkpatrick, perto da geleira de Beardmore, a uma altitude de aproximadamente 4 mil metros. A espécie foi descrita na revista Acta Palaeontologica Polonica, em artigo assinado por Nathan Smith, da Universidade de Chicago (EUA), e Diego Pol, do Museo Paleontológico Egidio Feruglio, em Chubut, na Argentina.

O Glacialisaurus hammeri media entre 6 e 8 metros de altura e pesava entre 4 e 6 toneladas. O réptil vivia em uma Antártica bem diferente da que conhecemos atualmente. Localizada cerca de 20º de latitude mais ao norte do que fica hoje, ela era ligada às outras massas continentais do sul do planeta e não tinha a camada de gelo que a cobre agora. Acredita-se que seu clima era tão quente quanto o do sudeste dos Estados Unidos.

O frio atual da Antártica dificultou bastante a retirada dos fósseis, que compreendiam partes dos ossos das patas e dos tornozelos. Os fósseis precisaram ser cuidadosamente removidos do gelo e da rocha. “Foram utilizando britadeiras, serras apropriadas e cinzéis sob condições extremamente difíceis ao longo de duas temporadas”, contou Nathan Smith.

O réptil recém-descoberto pertencia ao grupo dos sauropodomorfos basais – que, na definição de Smith, seriam “primos antigos dos saurópodes”, gigantes herbívoros que foram os maiores animais terrestres a viver no planeta. A descoberta do Glacialisaurus permitiu comprovar que os sauropodomorfos basais tiveram uma distribuição global no início do período Jurássico, há 190 milhões de anos. “Esses fósseis talvez ajudem a explicar por que a diversidade desse grupo de dinossauros declinou no início do Jurássico, enquanto a dos saurópodes estava aumentando”, afirmou Smith em entrevista à CH On-line.

Gigante da África
O outro dinossauro recém-descrito é o Carcharodontosaurus iguidensis, um dos maiores carnívoros já encontrados. Ele tinha comprimento entre 13 e 14 metros, comparável ao do Tyrannosaurus rex, espécie mais conhecida do grupo ao qual ele pertencia, o dos terópodes. Seu crânio, com 1,75 metros de comprimento, era grande o suficiente para abrigar dentes do tamanho de bananas.

O Carcharodontosaurus iguidensis tinha 14 metros de comprimento e era mais alto que os famosos ônibus londrinos de dois andares, como mostra o esquema à esquerda (arte: Simon Powell). Seus dentes, retratados à direita, tinham o tamanho de bananas (foto: Steve Brusatte).

A datação dos fósseis indica que o animal viveu no período Cretáceo, há 95 milhões de anos, junto com outros grandes carnívoros da época, como o Spinosaurus, de até 18 metros de comprimento. Entre os ossos encontrados, estavam partes do pescoço e do crânio, como a parte inferior da mandíbula e a caixa craniana.

O período em que viveu o Carcharodontosaurus foi um dos mais quentes da história do planeta, com um elevado nível dos oceanos. Uma das hipóteses é que na época houvesse mares de pouca profundidade que dividiam as regiões em que hoje ficam o Marrocos e o Níger, o que permitiu que existisse uma separação evolutiva das espécies que viviam nas duas áreas.

“Isso tem implicações para o mundo de hoje, em que a temperatura e do nível do mar estão aumentando. É preciso estudar estes tipos de ecossistemas para que possamos entender como nosso mundo moderno pode mudar”, afirmou em comunicado à imprensa Steve Brusatte, da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Brusatte foi um dos autores do artigo em que o novo réptil foi descrito, publicado no Journal of Vertebrate Paleontology.

Diana Dantas
Ciência Hoje On-line
26/12/2007