“A ciência não precisa de uma justificativa que não seja, simplesmente, a saga da humanidade pelo conhecer.” Frase de efeito. Quem a enunciou foi o físico Carlos Alberto Aragão, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Sua palestra marcou o primeiro dia do 36º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), que acontece esta semana em Águas de Lindoia (SP).
Mas… O que estaria fazendo um físico em uma reunião dedicada às ciências humanas? “Iniciando um diálogo necessário”, responde o cientista político Marcos Costa Lima, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro da Anpocs.
“Temos muito a aprender com os cientistas das áreas exatas e tecnológicas, e o inverso também é verdadeiro”, disse Lima à CH On-line. Foi exatamente pensando nisso que, este ano, o encontro incluiu em seu cronograma a seção especial intitulada ‘Diálogos das ciências sociais com as outras’. E, para iniciar os trabalhos, ninguém melhor que Aragão – que, na condição de ex-presidente do CNPq e atual diretor do CNPEM, enfatiza que a interação entre as ciências humanas e exatas é muito mais que um improvável diálogo.
E vai além: ao comentar sobre a interface entre esses dois mundos, lança incisivas críticas sobre as estruturas burocráticas e administrativas que mantêm nossas universidades no que chamou de “marasmo”.
Registramos aqui algumas reflexões sobre o tema, nas palavras de Aragão – o físico – e Lima – o cientista político
Henrique Kugler
Ciência Hoje/ RJ