Encontrado na China mais antigo fóssil de marsupial

 

 

O mais antigo fóssil de um marsupial foi encontrado na província de Liaoning, nordeste da China. Anunciada na revista Science de 12 de dezembro, a descoberta ajuda a entender como, quando e onde aconteceu a diversificação dos mamíferos durante a Era Mesozóica. O esqueleto fossilizado da nova espécie, batizada de Sinodelphys szalayi , tem cerca de 125 milhões de anos — 50 milhões a mais do que o mais antigo fóssil de marsupial registrado até então.

A constituição óssea do S. szalayi permitia que ele subisse em árvores, uma grande vantagem evolutiva para a espécie (Imagens: Mark A. Klingler/CMNH)

Essa descoberta só foi possível graças ao trabalho em conjunto de cientistas chineses, da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, e americanos, do Museu Carnegie de História Natural. “Esse fóssil representa um marco geológico que delimita uma data mínima para a separação entre os marsupiais e os demais mamíferos”, disse à CH On-line o antropólogo Zhe-Xi Luo, que coordenou a equipe de americanos.

O S. szalayi media cerca de 15 centímetros de altura e pesava de 25 a 30 gramas. O animal possuía dentes incisivos e pré-molares unidos e em forma de lança (lanceolados), assim como ossos largos do pulso e do tornozelo. Esse tipo de dentição sugere que o S. szalayi comia insetos e vermes, uma dieta bem parecida com a dos pequenos mamíferos atuais.

Essas características permitiram que os pesquisadores classificassem a nova espécie no grupo dos marsupiais. Os mamíferos desse grupo, em que estão incluídos o canguru, o coala e o gambá, não possuem placenta para nutrir o embrião dentro do útero. Assim, ao nascer, a maioria das espécies de marsupiais termina seu desenvolvimento no interior de uma bolsa externa no corpo da fêmea chamada marsúpio.

 

Em volta do esqueleto fossilizado, encontrado na China, havia sinais de pêlo e de tecido carbonizado (foto: Z.-X. Luo/CMNH)

 

Assim como o Eomaia scansoria , o mais antigo fóssil de mamífero placentário de que se tem notícia, o S. szalayi possui uma constituição óssea adaptada para subir em árvores. “Na era Mesozóica, os dinossauros dominavam a fauna terrestre”, diz Luo. “A habilidade para explorar nichos adicionais, como a copa de árvores e arbustos, certamente ajudou os primeiros parentes de marsupiais e placentários a se diversificarem.”

O lugar em que foi encontrado o fóssil reforça a idéia de que o continente asiático foi provavelmente o centro da diversificação de marsupiais e placentários que aconteceu durante o começo do período Cretáceo. Os cientistas acreditam que os marsupiais evoluíram na Ásia e América do Norte e só então, depois da extinção dos dinossauros, se espalharam pelo mundo. Hoje, existem mais de 270 espécies presentes principalmente na Austrália, Nova Zelândia, Nova Guiné e América do Sul.

Liza Albuquerque
Ciência Hoje On-line
15/12/03  

 

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