Fim dos respingos

Dicas preciosas para os homens que podem até salvar alguns casamentos foram formuladas com base científica por um grupo de físicos da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos. Não se trata de conselhos sentimentais, mas de um verdadeiro guia sobre a melhor maneira de fazer xixi sem deixar para trás respingos indesejáveis.

Não é brincadeira. O estudo, forte candidato ao prêmio Ignobel (paródia do Nobel), é produto de meses de intensos trabalhos no laboratório Splash Lab de dinâmica de fluidos da universidade norte-americana com o uso de alta tecnologia.

O estudo é produto de meses de intensos trabalhos no laboratório de dinâmica de fluidos da universidade

Para descobrir qual seria a melhor estratégia a ser adotada pelos homens para evitar sujeira no banheiro, os pesquisadores, sabiamente, não recorreram à pesquisa de campo. Escolheram fazer simulações rebuscadas do universal ato de urinar. Construíram tanques de água para representar mictórios e privadas domésticas e usaram jatos de água para simular o xixi.

Foram testadas diferentes abordagens. Mirar na água da privada ou na cerâmica, no fundo do mictório ou na borda. Ângulos mais fechados e mais abertos, maior e menor velocidade do jato. Tudo registrado em câmeras de alta velocidade para não perder a trajetória de nem uma gota sequer.

Assista aos testes

Com a análise das imagens, os físicos descobriram que a urina masculina, ao deixar a uretra, segue um padrão chamado de estabilidade de Plateau-Rayleigh. Em outras palavras, eles observaram que o fluxo contínuo de xixi se decompõe em gotas antes mesmo de chegar à superfície da latrina.

“Nossas simulações mostraram que, em média, o jato de xixi masculino começa a cair em gotas depois de 15 cm de distância da uretra”, pontua Randy Hurd, um dos autores do estudo, apresentado no Encontro Anual da Sociedade Americana de Física. “Mas esse valor varia com o fluxo de urina e o diâmetro da uretra: quanto maiores esses parâmetros, maior a distância”, completa o físico, que teve a ideia da pesquisa depois de uma longa viagem de carro com muitas paradas para aliviar a bexiga.

O padrão explica por que é tão difícil para os homens saírem incólumes do banheiro. Cada gota é um potencial respingo.

Melhor performance

Os testes mostraram que, para evitar catástrofes, os homens devem ficar o mais próximo possível do mictório e direcionar o jato para a sua parte de trás, formando um ângulo agudo. Essa abordagem gera menos respingos do que mirar no ralo ou na água do mictório.

Para ter um resultado perfeito, com a menor sujeira possível, o conselho é se sentar

Até porque, segundo os pesquisadores, muitas vezes os mictórios usam detergentes que atrapalham ainda mais a coisa. “O detergente diminui a tensão superficial da água”, explica Hurd. “Assim, cada gota que cai gera ainda mais splashs.”

Para as privadas, a dica é mirar na parte vertical da porcelana. Mas, para ter um resultado perfeito, com a menor sujeira possível, o conselho é se sentar. “Essa é a melhor opção, pois estar mais perto do fundo da privada permite que o jato permaneça um jato em vez de se quebrar em gotas, o que gera menos respingos e menos superfície de contato”, explica o físico.

Placa de banheiro no Japão
Os testes mostram que urinar sentado é a melhor forma de evitar respingos e sujeira no banheiro. A tática é adotada em alguns países, como o Japão. (foto: napirse.ru)

A estratégia, que pode parecer estranha para muitos representantes masculinos de nossa cultura, é amplamente adotada em vários países. Sentar-se na privada é prática comum entre homens no Japão. Em Taiwan, a tática foi até recomendada publicamente pelo ministro da Proteção Ambiental Stephen Shen.

Hurd garante que a dica funciona e afirma que já incorporou as medidas sanitárias ao seu dia a dia: “Seria idiotice ignorar as conclusões tão úteis que a ciência nos deu”. Tudo pelos banheiros limpos, calças secas e esposas felizes.

Sofia Moutinho
Ciência Hoje On-line