Helicóptero pilotado a distância

O helicóptero-robô em ação em teste feito no clube de aeromodelismo de Brasília (fotos: Projeto Carcarah).

Supervisionar as linhas de transmissão de energia é uma atividade arriscada, que exige equipes especializadas e envolve custo elevado. Para facilitar essa tarefa, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) estão desenvolvendo um protótipo de robô capaz de sobrevoar as torres de transmissão de energia e captar imagens detalhadas de diversos ângulos, o que vai ajudar na identificação e resolução de possíveis falhas no sistema.

O equipamento foi apelidado de helicóptero-robô pela equipe responsável por sua construção, do Grupo de Robótica, Automação e Visão Computacional do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB. Ele dispensa a presença física de um piloto e funciona a partir de uma base terrestre (estação-base), responsável por indicar a direção a ser seguida e as ações a serem executadas. Os comandos são dados por meio de um joystick, semelhante aos usados em videogames.

Com o uso do helicóptero-robô, a identificação de possíveis falhas nas linhas de transmissão de energia será mais minuciosa e eficiente. Além disso, os custos de manutenção e os riscos de acidentes com equipes de inspeção das torres serão reduzidos. Segundo Geovany Borges, um dos responsáveis pelo projeto, o robô não substituirá a mão-de-obra humana – apenas irá agilizar e facilitar o processo de supervisão. “Se uma falha for identificada, uma equipe precisará subir nas torres de transmissão para corrigir o problema”, explica.

O projeto é também coordenado pelo professor Adolfo Bauchspiess, responsável pela implantação de um sistema automático de detecção de falhas da linha de transmissão por meio de visão computacional. Mas as funções do helicóptero-robô não se restringem apenas à inspeção das linhas de transmissão. “O robô poderá ser usado futuramente para a identificação de queimadas, a supervisão de fronteiras, entre outras aplicações”, diz Borges.

Piloto-automático

Detalhe do helicóptero-robô em desenvolvimento na UnB.

Para que o robô, que tem aproximadamente 1,5 metros de comprimento, possa voar sem precisar ser pilotado diretamente, a equipe construiu um piloto-automático, capaz de estabilizar o helicóptero no ar com precisão. Ele reúne informações de diversos chips menores que calculam velocidade e aceleração do helicóptero, pressão do ar e campo magnético da Terra, fundamentais para que a aeronave mantenha seu rumo.

Financiado pela Expansion Transmissão, empresa de transmissão de energia elétrica sediada no Rio de Janeiro, a construção do helicóptero ainda não foi finalizada, o que está previsto para daqui a um ano. Por ora, a equipe se concentra no início dos ensaios de vôo, para corrigir eventuais erros do robô.

Rachel Rimas
Ciência Hoje On-line
26/11/2007