Nos tempos pré-internet – quando eram escassas informações sobre saúde para o grande público –, os adultos costumavam se referir como ‘mal súbito’ à causa de mortes inesperadas – ou seja, a pessoa parecia estar bem, sem sintomas aparentes e, de repente,… caía morta.
O tal ‘mal’ tinha e tem nome: hipertensão, a principal causa de morte no mundo. Agora, a Comissão para a Hipertensão da [revista médica] The Lancet resolveu aprimorar o combate a esse inimigo número 1 da vida e, com base em uma análise de grande porte, lançou um relatório, no último encontro da Sociedade Internacional de Hipertensão, com 10 ações prioritárias que deveriam ser adotadas pelas autoridades mundiais de saúde, tanto em nível individual (do paciente) quanto no da saúde pública.
O documento – publicado on-line em The Lancet (23/09/16) – propõe uma “aliança global” contra a hipertensão, com base em cinco frentes amplas: mudanças no estilo de vida; mais acesso à medida da pressão arterial; melhorias no diagnóstico; expansão do monitoramento e da prevenção farmacológica; fortalecimento dos sistemas de saúde.
Há no documento também os fatores de risco para a hipertensão: sedentarismo, álcool, sal, dieta muito calórica (sem frutas e legumes) etc.
Um dado pelo menos impressiona no relatório: um terço dos adultos do mundo são hipertensos. Vale lembrar que a hipertensão não é facilmente detectada, pois não tem sintomas – daí, talvez, o adjetivo ‘súbito’.
Mais do que uma coleção de ações, o relatório, depois de analisar evidências experimentais e epidemiológicas, propõe quais tópicos têm bom suporte experimental e quais deveriam ser objeto de mais pesquisa.
Cássio Leite Vieira
Ciência Hoje/ RJ